A Randon – a fabricante de carretas, freios e suspensões de Caxias do Sul – acaba de anunciar uma joint venture com a Gerdau para entrar no segmento de locação de caminhões e equipamentos, batendo de frente com a Vamos, que hoje domina amplamente esse mercado.
A Gerdau está investindo por meio da Gerdau Next, seu braço de novos negócios focado em sustentabilidade, construção e mobilidade.
A JV – que ainda não tem um nome – vai ser dividida 50/50 entre as duas empresas.
Num primeiro momento, as companhias vão investir R$ 250 milhões na nova empresa – e o investimento será faseado em três anos (R$ 100 milhões neste ano, R$ 100 milhões no ano que vem e o restante em 2024).
A entrada da Randon em locação não é exatamente uma surpresa. Em agosto de 2020, a companhia já havia anunciado estudos preliminares para entrar nesse mercado.
Considerando uma estrutura de capital, entre equity e dívida, de 50/50 ou de 70/30, o Bradesco BBI estima que a nova companhia poderia comprar uma frota de entre 1.740 a 2.900 caminhões ao longo dos próximos anos.
Para efeito de comparação, a Vamos tem mais de 33 mil ativos (27 mil caminhões e 6,7 mil máquinas e equipamentos).
A companhia do Grupo Simpar opera com uma taxa de aluguel de 2,7% por mês e uma margem EBITDA de 80%. Baseando-se nesses números, o Bradesco estima que a nova JV possa chegar a uma receita de R$ 147 milhões a R$ 245 milhões, com um EBITDA de R$ 118 milhões a R$ 196 milhões.
Aplicando o mesmo múltiplo EV/EBITDA que a Vamos negocia hoje (13,5x), o Bradesco calculou que a nova companhia poderia adicionar de R$ 2 a R$ 3,10 por ação ao valor justo da Randon, que o banco calcula em R$ 17. O papel negocia a R$ 10 hoje.
O negócio é pequeno para as duas empresas, mas um investidor notou que há sinergias com o core business das duas.
A Randon pode usar a JV para alavancar sua operação de venda de carretas (hoje ela já vende esses implementos para a Vamos), enquanto a Gerdau poderá usar a nova companhia para turbinar sua operação de logística, a G2L, que já fatura R$ 1,4 bilhão.
Os analistas do BTG também notaram que a iniciativa “abre uma nova avenida de crescimento de longo prazo” para a Randon, com uma linha receita “altamente previsível”, endereçando as preocupações com a ciclicidade do negócio.
Para a Vamos, a entrada da Randon e da Gerdau no mercado parece negativa, já que adiciona um competidor de peso (e bem capitalizado). A notícia também vem algumas semanas depois da Volkswagen anunciar que está entrando no mercado de locação de caminhões B2C.
Ainda assim, “o mercado de aluguel de caminhões e carretas ainda está em sua infância,” escreveu o Bradesco. “Vemos espaço para novos players entrarem e ajudarem a educar o consumidor.”