A Bombril — a empresa de produtos de limpeza mais conhecida por sua lã de aço — acaba de levantar R$ 300 milhões numa linha de crédito que vai permitir alongar seu endividamento e reduzir drasticamente o custo da dívida.

A captação foi feita junto à um fundo da BS Factoring, uma gestora especializada em direitos creditórios com sede em Itu. 

A companhia vai usar os recursos para quitar dívidas clean tomadas há pouco mais de um ano e que têm um custo proibitivo.

“Vamos conseguir reduzir em 30% o custo dessas dívidas, e com o custo menor vamos poder usar os recursos que gastávamos nos juros para investir na operação,” o CEO da Bombril, Ronnie Borges, disse ao Brazil Journal.

Já na semana que vem, a Bombril deve receber cerca de R$ 100 milhões da BS Factoring; o restante será desembolsado conforme as dívidas atuais forem vencendo. 

A amortização da nova dívida será em 48 parcelas mensais por meio da cessão de direitos creditórios de recebíveis de clientes da Bombril, como supermercadistas, atacadistas e distribuidores. 

A Bombril tem uma dívida bruta de R$ 401 milhões, com um custo médio de 24% ao ano. Cerca de 77% desta dívida vence nos próximos 12 meses – o que sublinha a relevância da nova linha de crédito.

Com a nova captação, as dívidas de longo prazo já passam a ser mais de 50% do total, disse o CEO. 

O endividamento da Bombril não está alto para o tamanho da empresa: a alavancagem gira em torno de 2x o EBITDA dos últimos doze meses. 

“O maior problema da companhia era mesmo o custo das dívidas e os vencimentos, que foram resolvidos agora,” disse Ronnie.

A Bombril passou por momentos conturbados nos últimos anos. Em 2021, a companhia teve dificuldades para repassar preços com a disparada da inflação, o que afetou a rentabilidade e a liquidez da companhia. 

“A operação não estava mais se pagando e começamos a tomar linhas de crédito para conseguir parar de pé,” disse Ronnie.

Em 2020, a dívida bruta da companhia era de R$ 270 milhões. Em 2021, cresceu para R$ 392 milhões.

Apesar de um 2022 que começou difícil, a Bombril fechou o ano passado com receita bruta de R$ 2,1 bilhões, uma alta de 26%, e um EBITDA de R$ 190 milhões, o maior da história da empresa, fundada em 1948. 

O lucro líquido fechou em R$ 23 milhões, em comparação a um prejuízo de R$ 63 milhões em 2021. 

A melhora operacional teve a ver com algumas medidas tomadas pela companhia, que é dona de 16 marcas, incluindo a Limpol, Pinho Bril e Mon Bijou, além da Bombril, que é líder de categoria.

“Ajustamos nosso posicionamento de preço em várias categorias,” disse o CEO. “Algumas vimos que estavam muito baratas e por isso as pessoas tinham percepção de que era um produto de má qualidade. Quando subimos um pouco o preço, as vendas melhoraram. Outras, que tinham margens maiores mas vendiam pouco, baixamos um pouco o preço para venderem mais, e a margem maior começou a contribuir para todo o resultado.”

Já na parte de custos e despesas, Ronnie negociou com os principais fornecedores para conseguir condições melhores na compra das matérias-primas, além de reduzir a estrutura da companhia, diminuindo o número de diretorias e tornando as decisões mais ágeis.

No quarto trimestre, o custo dos produtos vendidos representou 63% da receita líquida, em comparação a 71% de um ano atrás. Já as despesas operacionais cresceram 10% no trimestre, metade do crescimento da receita. 

A Bombril é listada na Bolsa desde 1984, mas a liquidez do papel é praticamente nula, com boa parte do capital nas mãos do controlador Ronaldo Sampaio Ferreira e de alguns poucos fundos e investidores. 

A empresa vale pouco mais de R$ 300 milhões na B3.