A expectativa era alta, e o Itaú atingiu o esperado.
O banco encerrou 2023 com um lucro de R$ 35,6 bilhões, 15,7% maior que o do ano anterior e em linha com o consenso de mercado.
No quarto tri, o lucro foi de R$ 9,4 bilhões. O ROE anual ficou em 21% e o trimestral, em 21,2%.
Como esperado, o banco anunciou um dividendo extraordinário no quarto trimestre. O valor, de R$ 11 bilhões – que corresponde a um payout de 60% – ficou abaixo da expectativa de algumas casas, mas pode aumentar nos próximos meses.
“O Itaú foi conservador. O índice de Basileia continua alto, em 12,8%, e o banco já indicou que pretende ficar em torno de 12%. Ou seja, há espaço para pagar mais”, diz um analista do sell side.
O CEO Milton Maluhy viu o bottom line ser beneficiado, em parte, pelo crescimento da carteira de crédito, que aumentou 3,1% na comparação anual.
Foi uma expansão menor que a projetada pelo banco, cujo guidance indicava um aumento de 5,7% a 8,7% (já considerando a venda do banco na Argentina). Mas suficiente para ter um efeito positivo nos números.
A queda da inadimplência foi uma surpresa positiva. O NPL total de 90 dias chegou a 2,8%, a menor taxa em cinco trimestres, beneficiada principalmente pela melhora na carteira de pessoas físicas – nesse segmento, a inadimplência passou de 4,9% em setembro para 4,4% em dezembro.
A margem com clientes aumentou 12,5% frente a 2022, em linha com o guidance. No trimestre, a alta foi de 2,9%.
Outro fator que contribuiu para elevar o lucro foi a reprecificação do capital de giro próprio, que agora embutiu o aumento dos juros dos últimos anos. Esses recursos rendem perto da Selic, mas há operações pré, por isso o ajuste é feito com atraso.
“O Itaú tem sido consistente na qualidade dos resultados e nas expectativas,” disse um analista do buyside.
O guidance do banco para 2024 prevê um aumento da carteira de crédito entre 6,5% e 9,5% e uma expansão de 4,5% a 7,5% na margem com clientes. As receitas de prestação de serviços devem crescer entre 5% e 8% e a alíquota de imposto deve ficar entre 29,5% e 31,5%.
Com os números, analistas projetam que o lucro do Itaú ficará em torno de R$ 40 bilhões este ano, 12% maior que o montante de 2023.
O ponto de atenção, numa análise de médio prazo, são os custos. O guidance indica que as despesas não decorrentes de juros vão subir entre 4% e 7% em 2024 – mais que a inflação prevista para o ano. Em 2023, essa linha cresceu 6,5% e chegou a R$ 57,5 bilhões.
O banco diz que as despesas core vão crescer abaixo da inflação. Os maiores custos viriam de investimentos – por exemplo, em tecnologia e na contratação de assessores financeiros.