A barreira de entrada para os jatos executivos está ficando cada vez mais baixa.
Há pouco mais de uma década, os Very Light Jets – como o Phenom 100 da Embraer, ou o Cessna Citation M2, que custam na faixa de US$ 4,5 milhões a US$ 5 milhões – abriram um grande mercado, permitindo a muitos empresários e executivos ter um jatinho pra chamar de seu.
Agora, uma nova categoria, batizada pela indústria de ‘personal jets’, coloca a barra ainda mais embaixo: US$ 2 milhões para você ter, digamos assim, asas próprias.
O personal jet é uma espécie de evolução do teco-teco – é monomotor, mas ao invés de pistão ou turboélice, tem motor a jato.
Primeiro – e por enquanto o único – monomotor a jato, o Cirrus Vision SF50 entrou em operação em dezembro de 2016. Já há 55 deles voando. Outros 630 clientes (incluindo 60 brasileiros) aguardam na fila.
O Vision é também o primeiro avião a jato da Cirrus, uma fabricante de Minnesota que começou vendendo kits de avião nos anos 80 e quase foi à falência na crise de 2008. A empresa foi salva pela estatal chinesa CAIGA (China Aviation Industry General Aircraft), que pagou US$ 210 milhões por ela.
O monomotor a jato é quase uma mudança de paradigma na aviação. Monomotores sempre foram vistos como menos seguros. Pessoas leigas imaginam que um motor a mais só adiciona mais segurança, quando na verdade também adiciona mais peso e complexidade à aeronave.
No passado, monomotores não tinham autorização para sobrevoar oceanos e áreas remotas – para isso era preciso pelo menos dois motores. Mas a evolução tecnológica os tornou extremamente confiáveis, e recentemente foram retiradas as últimas barreiras para que aviões monomotores façam voos comerciais noturnos. (Mais vale um motor com boa manutenção do que dois mal cuidados).
O Vision incorpora o mesmo sistema de segurança do SR22, o monomotor a pistão que é o carro-chefe da Cirrus e custa (apenas) US$ 750 mil. Em caso de falha do motor, um paraquedas para o avião é acionado – e o pouso acontece com os passageiros sentados. Chique assim.
Em quase duas décadas e com 7 mil aviões em operação, o paraquedas do SR22 foi acionado 55 vezes, com 125 pessoas a bordo. Todas escaparam com vida.
O Vision tem capacidade para transportar até sete pessoas (cinco adultos e duas crianças) e autonomia para voar de São Paulo a Aracaju ou Cuiabá sem escala.
O Vision deve ser a estrela da LABACE, a feira de aviões particulares que acontece em agosto em Congonhas.
Será a segunda vez que o jatinho poderá ser ‘spotted’ no Brasil. Em outubro, ele foi exibido em um evento fechado em Mangaratiba, no Rio de Janeiro, quando alguns “position holders” – clientes que já pagaram US$ 100 mil para reservar uma posição na fila de produção – tiveram oportunidade de pilotar.