Depois de sua ação subir quase 6% na sexta-feira com a publicação de um guidance mais otimista para a próxima safra, a SLC Agrícola hoje recebeu dois calls opostos.
Enquanto o BTG definiu a empresa como uma “cash cow na alta e uma máquina de crescimento na baixa” – mantendo sua recomendação de compra – o JP Morgan rebaixou a empresa dos Logemann de ‘buy’ para ‘neutro’ por acreditar que o valor atual da ação já é justo e não acreditar em catalisadores para o papel no curto prazo.
Com isso, o JP Morgan reduziu o preço-alvo de R$ 26 para R$ 23 – um upside potencial de 27% em relação ao preço de tela. O BTG permaneceu com o preço-alvo em R$ 24, uma alta potencial de 32%.
Por enquanto, o mercado está comprando a tese do JP Morgan: as ações caem 3% no início da tarde, mas em meio a um mercado fraco.
Num guidance publicado na sexta-feira, a SLC previu ampliar sua área plantada na safra 2024/25 em 11,4%, para 736,9 mil hectares. Um pouco mais da metade da terra será destinada para a soja, 26% para o algodão, 16% para milho e o restante seria dividido para outras culturas.
A empresa também anunciou que a produtividade da soja vai subir 13% ano contra ano por condições climáticas mais favoráveis, enquanto a do algodão vai subir 3%. No geral, o custo médio por hectare deve cair 5% na próxima safra.
Mesmo com estes números mais positivos, o JP Morgan teve sentimentos mistos com o guidance. Segundo o banco, a produtividade do algodão veio abaixo do esperado, mas a da soja compensou.
Mas o que sustenta o olhar mais conservador do JP Morgan é a perspectiva de preços mais desafiadora para a soja – apesar dos analistas acreditarem que o preço está perto do bottom – e também para o algodão.
Para os analistas Lucas Ferreira e Larissa Perez, o papel poderia subir se houvesse um aumento do preço do algodão – “o que não prevemos mais neste momento.” Com isso, os analistas reduziram em 6% o EBITDA ajustado para 2025 para R$ 2,6 bilhões – ainda assim, 8% acima do consenso.
Já o BTG aposta em um EBITDA de R$ 2,75 bilhões, uma alta acima de 14%.
Para o BTG, mesmo com a alta da semana passada a empresa segue sendo negociada a um múltiplo “atraente” de 5,1x EV/EBITDA para o ano que vem, ante uma média histórica de 7x.
O banco admite, porém, que o papel deve seguir acompanhando o preço das commodities e que há pouco catalisadores de curto prazo.
A ação da SLC cai 7% nos últimos doze meses. A empresa vale R$ 7,2 bilhões na B3.