A Vórtx — que faz a administração e custódia de fundos da XP, Credit Suisse e Pátria — acaba de levantar R$ 190 milhões para aquisições de concorrentes e acelerar seu processo de digitalização do back office do mercado financeiro. 

11373 1cca1876 4e2a 9912 8d06 67102c3c07b8O cheque veio do FTV Capital, um fundo de private equity americano que já investiu na Ebanx, a startup curitibana que processa pagamentos de compras internacionais.  

O valuation da rodada não foi revelado. 

A Série B é a segunda desde que a Vórtx foi fundada em 2018 por Juliano Cornacchia e Alexandre Assolini, dois advogados com 20 anos de experiência em operações de mercado de capitais.

Na rodada anterior, os investidores foram o cofundador da XP, Marcelo Maisonnave, e os empreendedores Eduardo Glitz e Pedro Englert, que investiram em empresas como Warren, StartSe e Yuool. 

“Na época, vimos que tinha muita gente boa fazendo a parte do ‘front’ das operações, que é a estruturação e distribuição, por exemplo, mas na parte de backoffice tinha um vácuo gigantesco,” lembra o fundador.

A Vórtx tem duas verticais de negócios: o ‘fund trust’ e o ‘corporate trust’. Na primeira, atende grandes gestoras como XP, Credit Suisse, Pátria e Mauá Capital fazendo a administração, custódia, liquidação e escrituração de alguns de seus fundos. 

Na prática, é a Vórtx que verifica se o gestor está cumprindo o que foi estabelecido no estatuto do fundo, além de executar todas as ordens de compra e venda. Quando um gestor de um fundo imobiliário adquire um galpão ou uma laje corporativa, por exemplo, a custódia desse ativo também fica na Vórtx. 

À primeira vista, o serviço da Vortx parece uma ‘commodity’ sem grandes possibilidades de diferenciação. Mas a startup está inovando ao digitalizar um processo que até agora era feito de forma analógica. 

“Para se ter uma ideia, a pessoa física conseguia comprar um ativo mais rápido no aplicativo da corretora do que um gestor, porque o processo dele era inteiramente analógico,” diz Juliano.  

Para comprar um ativo, um gestor normalmente tinha que enviar a ordem por email para o administrador. Depois, um analista da administradora tinha que entrar no banco onde a gestora tinha conta para verificar o saldo, executar a ordem e, por fim, enviar um novo email com a posição atualizada do fundo em PDF. 

“Isso estava sujeito ao analista errar a ordem, por exemplo,” diz o fundador. “Criamos uma plataforma que permite que o gestor faça tudo de forma digital, desde as ordens de compra e venda até o acompanhamento de sua posição, quantidade de ativos, caixa e despesas para pagar.”

A Vórtx tem R$ 29 bilhões sob custódia, provenientes de 171 fundos de 50 gestoras diferentes. A comissão média é de 0,25% sobre o valor custodiado e a maioria dos clientes são fundos estruturados (FIIs, FIDCs e FIPs). 

Na vertical de ‘corporate trust’, a Vórtx atua como prestador de serviços — agente fiduciário, liquidante, custodiante e escriturador — nas emissões de dívida como CRIs, CRAs e debêntures, e recebe apenas um valor fixo. A startup já tem R$ 96 bilhões sob custódia nesta vertical, cujo principal cliente é a Kinea, a gestora de private equity do Itaú.

A capitalização vai permitir à Vórtx acelerar sua expansão com a aquisição de concorrentes e tecnologias que melhorem a experiência do cliente. 

A Vórtx concorre com players independentes como a Oliveira Trust e o BNP Paribas e as administradoras dos bancões (a Intrag, do Itaú, e a Bem, do Bradesco). 

“Mas nenhum deles opera também com o ‘corporate trust’, e vemos sinergias importantes entre os dois negócios,” diz o fundador. 

Nos mundo, os principais players desse mercado são a SSCTech, que vale mais de US$ 17 bilhões na Nasdaq, e a Apex Group, que comprou em outubro a operação de administração e custódia de fundos do ModalMais, que tem R$ 70 bilhões sob custódia.  

O BMA Advogados e a Skadden assessoraram a Vórtx na captação.