A desigualdade no emprego, educação e renda custou à economia dos EUA cerca de US$ 22,9 trilhões desde 1990, segundo um estudo de quatro economistas — entre elas, a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly. 

“A oportunidade de participar da economia e ser bem-sucedido com base em habilidades e esforço está na base da nossa nação e da nossa economia. Infelizmente, barreiras estruturais têm persistentemente interrompido essa narrativa para muitos americanos, deixando o talento de milhões de pessoas subutilizado ou à margem. O resultado é menos prosperidade, não só para os afetados mas para todos,” escreveram as autoras.

11663 2a56ded2 9022 aabe 26a3 9c3ff15b7237“Com pressões consideráveis ​​pesando sobre o potencial econômico dos EUA nas próximas décadas, este parece ser o momento certo para adotar uma nova perspectiva e imaginar o que é possível se a equidade for alcançada.”

O estudo — “The economic gains from equity” — foi publicado hoje pelo Brookings Papers on Economic Activity, da Brookings Institution.  Os autores consideram uma série de indicadores para trabalhadores com idade entre 25 e 64 anos, e calculam como a desigualdade afetou o crescimento da economia nos últimos 30 anos.

“Este é um exercício simples, em muitas maneiras, para demonstrar um ponto importante: que os ganhos para o PIB são para todos, e que eliminar as diferenças não é um jogo de soma zero,” Daly disse à Bloomberg. “Não é apenas rearranjar a distribuição dos ganhos de uma torta do mesmo tamanho. Na verdade, estamos aumentando o tamanho da torta e depois distribuindo a renda.” 

Daly tem experiência pessoal no assunto: quando era adolescente, sua família passou por dificuldades e ela teve que largar a escola e começar a trabalhar.

Seu destino era ficar sem um diploma de high school e conseguir apenas empregos que não exigem formação acadêmica.

Mas a gentileza de um estranho mudou sua vida.  Um conselheiro acadêmico conectou Daly a uma psicóloga, Betsy Bane, que passou a ser sua mentora.

“A Betsy estava na casa dos 30 anos, era uma mulher de sucesso, ocupada construindo sua vida e carreira. Eu tinha 15 anos, minha família estava um caos, larguei o colégio e estava morando com amigos. Meu conselheiro achou que a Betsy poderia ajudar. ”

Bane pressionou Daly a correr atrás do diploma equivalente ao ensino médio (o GED) e, mais tarde, incentivou Daly a ter aulas no campus da Universidade de Missouri. Ela pagou pelo primeiro semestre de Daly na escola: US$ 216.

“A Betsy fez o que todos nós temos o poder de fazer: ela  enxergou numa pessoa jovem o que aquela pessoa, por falta de experiência, não conseguia ver.  E olhe pra mim agora. Sou muito grata a ela, e estou comprometida a escalar essa experiência para que o meu sucesso não seja algo raro, e sim comum.”  

No ano passado, outro estudo — conduzido pelas economistas Dana Peterson e Catherine Mann — concluiu que eliminar os gaps raciais teria adicionado US$ 16 trilhões à economia dos EUA desde 2000, segundo a Bloomberg.

Os outros autores do estudo publicado hoje são Shelby Buckman, de Stanford; Laura Choi, vp de community development do San Francisco Fed, e Lily Seitelman da Boston University.