A Lemonade, uma insurtech investida pelo Softbank, acaba de levantar US$ 319 milhões num IPO em Nova York, numa oferta que teve demanda de mais de 30x o book.
A Lemonade vendeu 11 milhões de ações a US$ 29 cada. O IPO saiu acima da faixa indicativa, que já havia sido revisada para cima e ia de US$ 26 a US$ 28.
Ainda que a demanda tenha sido robusta, a oferta deu à Lemonade um valuation inferior ao que ela havia conseguido em sua última captação privada, com o Softbank.
Em abril do ano passado, o Softbank investiu US$ 300 milhões na Lemonade a um valuation de US$ 2,1 bilhões. Na estreia na Bolsa, a startup começa valendo US$ 1,6 bi.
Fundada em 2016, a Lemonade foi uma das primeiras startups a digitalizar todo o processo de compra e venda de seguros nos EUA, usando inteligência artificial para levar uma oferta mais direcionada e assertiva a cada cliente e eliminando a figura do corretor.
A startup também inovou ao dar incentivos para a baixa sinistralidade. A Lemonade cria grupos de segurados com características parecidas (pessoas que moram em regiões próximas, por exemplo) e dá benefícios em função do resultado da carteira. Se a sinistralidade for baixa num determinado ano, por exemplo, ela devolve parte do valor pago aos segurados ou doa para alguma instituição de caridade.
Por enquanto, a Lemonade vende apenas seguro residencial e atende majoritariamente os millennials. Segundo ela, mais de 70% de sua base tem menos de 35 anos, e 90% contratou sua primeira apólice com a Lemonade.
“Eles tem um processo muito lean, enxuto e focado numa venda online com uma UX excelente,” diz Marcelo Blay, fundador e CEO da Minuto Seguros, uma corretora de seguros digital.
Mas a Lemonade também é um caso clássico de startup de alto crescimento — e prejuízo idem.
A empresa faturou US$ 67 milhões ano passado, quase 3x mais que em 2018, mas seu prejuízo dobrou no período — de US$ 52 milhões para US$ 108 mi.
Os recursos do IPO serão usados para acelerar a expansão da empresa, que já opera em 30 estados americanos, além da Alemanha e Holanda.
No prospecto do IPO, a Lemonade ressaltou a melhora de seu gross loss ratio (a razão entre o valor desembolsado em sinistros e o valor recebido com os prêmios) como indicativo de que caminha para um futuro rentável.
De 2017 até 2019, o indicador caiu de 161% para 79%. Nos primeiros três meses deste ano, a taxa foi de 72%.
Desde que foi fundada, a Lemonade levantou mais de US$ 480 milhões com investidores como o Softbank e Sequoia, além do braço de venture capital da Alphabet, dona do Google.
Goldman Sachs, Morgan Stanley, Allen & Co e Barclays foram os coordenadores da oferta.