Assim como já fez na soja, o Brasil está cada vez mais perto de superar os Estados Unidos nas exportações de milho. Há quem diga que o feito histórico pode ocorrer ainda este ano, caso as previsões climáticas e de colheita se confirmem por aqui.

Existe no mercado a percepção de que o excedente de exportação de milho nos Estados Unidos será menor a cada ano, o que vai abrir espaço para o Brasil atender mercados hoje abastecidos com o cereal americano.

“Temos uma sinalização bastante positiva para o plantio do milho, o que deve garantir um recorde na produção e na exportação, mesmo com os custos de produção mais altos da história”, disse André Pessôa, presidente da Agroconsult, uma das principais consultorias especializadas no agronegócio. Os comentários foram feitos durante o Latin America Investment Conference, do Credit Suisse.

Com os EUA cada vez mais usando o óleo de soja para produzir o chamado “diesel verde”, ou HVO (Hydrotreated Vegetable Oil), muitos analistas acreditam que o milho continuará cedendo área de plantio para a soja nos Estados Unidos.

O combustível é considerado a nova geração do biodiesel. Tradicionalmente, o biodiesel é produzido a partir do processo de transesterificação: o óleo de soja reage com um álcool e produz biodiesel e glicerina como resíduo.

No caso do “biodiesel verde”, o óleo vegetal é adicionado na coluna de refino do petróleo, reagindo com o hidrogênio. O resultado é um combustível bastante similar ao diesel fóssil.

Para André, a aposta no “biodiesel verde” nos Estados Unidos e também na Europa está mudando a matriz de grãos do mundo. “Estamos vendo o casamento da indústria da soja com a indústria do petróleo. E o Brasil se beneficia diretamente disso. Nós vamos atender essa parte do mercado que era antes atendida pelos Estados Unidos,” afirma o consultor.

Na safra 22/23, a área plantada com milho nos Estados Unidos já encolheu 5%, e a produção projetada pelo Departamento de Agricultura dos EUA é de 348,7 milhões de toneladas, quase 9% menor do que a registrada no ciclo 21/22.

Com menos milho nos armazéns, os americanos devem exportar 48,9 milhões de toneladas no ciclo 22/23, 22% a menos que na safra anterior.

Já o Brasil bateu recorde de embarques de milho em 2022. Foram pouco mais de 43 milhões de toneladas exportadas, superando o recorde anterior de 42,7 milhões, de 2019.

A sinalização da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é que o Brasil colha neste ano pouco mais de 125 milhões de toneladas. O volume é 10% maior que o desempenho de 2022.