Procura-se: anunciante para o maior outdoor do Brasil.

Área total: 1.988 m².
Valor estimado: R$ 23 milhões, por três anos.
Localização: av. Ipiranga, no alto de edifício icônico.
Informações: sindico@copansp.com.br

Usando um recurso previsto na Lei da Cidade Limpa, o Edifício Copan conseguiu uma autorização da Prefeitura de São Paulo para estampar um mega anúncio em sua fachada – e assim levantar o dinheiro necessário para concluir seu projeto de renovação.

Em seus 57 anos, o Copan nunca passou por uma reforma estrutural da fachada. As pastilhas começaram a se soltar, e uma tela de proteção precisou ser instalada para não colocar em risco os pedestres. Há alguns anos, uma cadela foi atingida e morreu na calçada.

Depois de uma década de idas e vindas no labirinto burocrático para a aprovação de um projeto dessa dimensão em um prédio tombado, a Prefeitura deu o aval para a restauração há dois anos. Mas aí a administração do edifício esbarrou na falta de recursos.

As obras de restauração começaram finalmente em junho, mas ainda falta dinheiro – praticamente metade do previsto – para concluir o projeto integralmente, uma conta que deverá ficar em torno de R$ 45 milhões. (A administração tem em caixa R$ 22 milhões.)

Em agosto, o condomínio recebeu o sinal verde para vender o espaço publicitário e está em contato com possíveis interessados, mas ainda não fechou nenhuma proposta.

A execução do anúncio será similar à feita em prédios históricos na Europa. Na tela de proteção será impressa a imagem do edifício, reservando um espaço para a publicidade.

No Copan, o outdoor ficará no canto superior direito. Posicionado no topo de um dos prédios mais altos da cidade, com seus 115 metros, o anúncio poderá ser visto do Minhocão e da Consolação. Foi estrategicamente pensado para ter a maior visualização possível.

Pela lei, até 15% da área total da fachada pode ser coberta pelo anúncio. O outdoor estampado na silhueta do edifício terá 71 metros de comprimento por 28 de altura, numa área total de quase 2.000 m². Não poderá ser usado um painel de LED nem não haverá iluminação. Será um anúncio para ser visto apenas durante o dia.

O maior outdoor do País será bem maior que uma piscina olímpica, com seus 50 metros por 25 metros. Para efeito de comparação, o gramado de futebol para jogos internacionais deve ter de 100 a 110 metros de comprimento, e largura entre 64 e 75 metros.

“É caro restaurar direito,” disse o arquiteto Eduardo Ferroni, morador do Copan há duas décadas e um dos articuladores do projeto de renovação. “Cada ação e decisão tem um técnico do patrimônio acompanhando.”

A obra envolve a recuperação de peças estruturais de concreto, conserto de infiltrações, manutenção de caixilhos das janelas e a aplicação de pastilhas brancas em boa parte da superfície.

O revestimento original não existe mais no mercado. Para que as características não se percam, será necessário produzir pastilhas exclusivas.

Para o arquiteto, o anunciante escolhido ganhará bem mais do que a exposição de sua marca para as milhares de pessoas que passaram diariamente por aquelas vias centrais da cidade.

“É o prédio mais sustentável da metrópole, uma estrutura de habitação densa, compacta,” disse Eduardo. “Trata-se de um edifício que representa uma forma de viabilizar a vida urbana. Financiar essa obra tem um impacto para a imagem da empresa.”

Para o projeto de restauração foi selecionado o Instituto Pedra, que cuidou da recuperação do Palácio Itamaraty, no Rio, e o Museu de Mariana, em Minas.

A execução das obras ficará a cargo da Concrejato, empresa que trabalhou na revitalização do Farol Santander – a.k.a. prédio do Banespa – e na restauração da Catedral da Sé.

Projetado por Oscar Niemeyer e com a colaboração de Carlos Lemos, o edifício teve sua obra iniciada em 1951, um projeto da antiga Companhia Panamericana de Hotéis e Turismo.

O prédio deveria ter sido inaugurado em 1954, nas comemorações do quarto centenário da cidade. Mas a ambição esbarrou no desafio colossal – tanto financeiro como técnico – de erguer uma estrutura com mais de 120 mil m² no coração da cidade. Foi finalizado em 1966.

Hoje moram em seus 1.160 apartamentos quase 5.000 pessoas, como mostrou o recente recenseamento do IBGE. É mais gente do que 22% dos municípios brasileiros.