A QI Tech acaba de anunciar a aquisição de 100% da corretora Singulare, a corretora que nasceu da reestruturação societária da antiga Socopa e se tornou uma das maiores do mercado em administração de FIPs, FIDCs e fundos multimercado.
Segundo o CEO da QI Tech, Pedro Mac Dowell, as conversas começaram há um ano e o negócio aconteceria mesmo sem a rodada de US$ 200 milhões que a companhia fez recentemente junto a investidores liderados pela General Atlantic. O valor da transação não foi divulgado.
A Singulare tem R$ 97 bilhões sob custódia e 960 fundos administrados – 600 deles FIDCs, o que a coloca em primeiro lugar no setor.
A transação é um movimento decisivo para a QI Tech se transformar no one-stop shop de ‘banking infrastructure as a service.’
Depois da Instrução Normativa 175 da CVM – que passou a valer em outubro e abriu o mercado de FIDCs para o investidor do varejo – o instrumento deve ganhar ainda mais escala no mercado de crédito privado.
Esta é a transação mais relevante no setor de serviços fiduciários do Brasil, depois da compra da BRL Trust pela Apex e da Simplific Pavarini pela Vórtx há dois anos. A Oliveira Trust, outra grande empresa do setor, há pelo menos dois anos tem planos de fazer seu IPO.
Em sua visão para o futuro da QI Tech, Mac Dowell está usando como benchmark empresas como a Stripe – que tem uma linha de de APIs de fácil integração, como se fosse um “autosserviço” para desenvolvedores – e a AWS, da Amazon.
No caso da AWS, Mac Dowell diz que o conceito da AWS e da QI Tech são os mesmos: as duas empresas desenvolvem a infraestrutura e possuem as licenças para que terceiros possam operar – sendo a AWS em cloud e a QI Tech no mercado financeiro.
A Singulare continuará sendo tocada por Álvaro Augusto de Freitas Vidigal, o ‘Guti’, um dos herdeiros do Banco Paulista. Em agosto de 2021, Guti vendeu a carteira de pessoas físicas da Singulare para a XP, mantendo a empresa focada somente na administração de fundos.
Mac Dowell foi cliente da Singulare quando atuava como sócio da Quatá Investimentos e já tinha uma relação de proximidade com Guti – o que permitia até uma troca de contatos e clientes.
“Eu já estava empurrando clientes para lá e eles para cá. Temos uma relação de amizade e confiamos um no outro, e essa transação só aumenta o vínculo no fim do dia,” Mac Dowell disse ao Brazil Journal.
A QI Tech já vinha atuando no mercado de estruturação e administração de FIDCs. Recentemente, a empresa abriu uma DTVM e que chegou a R$ 400 milhões sob custódia.
A transação depende do aval do Banco Central. Até lá, as empresas funcionarão de maneira independente.
Segundo Guti, o tempo de aprovação do negócio servirá para que os novos sócios desenhem como vai funcionar a parte operacional.
“Aceitamos o negócio por ter uma perpetuação da equipe e por acreditarmos que a integração vai ser muito bem feita. Eu vejo a QI Tech e Singulare como complementares,” disse ele.
Depois do closing, Mac Dowell disse que a QI Tech terá “o dobro da receita de hoje,” mas não abre os números. O número de colaboradores da companhia sairá de 120 para 420.
A BR Partners foi o assessor exclusivo da Singulare. O Vidigal Neto Advogados foi o assessor jurídico.
A QI Tech foi assessorada por Vinci Partners e Freitas Leite Advogados.