NOVA YORK — Spider, a famosa escultura de Louise Bourgeois, foi vendida por US$ 30 milhões no leilão da Sotheby’s de Nova York. Somando o Buyer Premium (BP), o valor sobe para US$ 32.804.500.
A escultura icônica não alcançou as expectativas e foi vendida abaixo do valor da private sale de US$ 40 milhões da galeria Hauser & Wirth, na Art Basel em 2022.
Spider foi o grande destaque na 23ª Bienal de São Paulo em 1996, dedicada à artista francesa. No mesmo ano, a Fundação Itaú adquiriu a escultura por US$ 450 mil, com a intermediação do crítico de arte e curador Paulo Herkenhoff.
A peça monumental foi exibida por mais de 20 anos no MAM SP e em diferentes instituições da América Latina, incluindo o Museu Oscar Niemeyer, o Museu Inhotim, a Fundação Iberê Camargo e o Museu de Arte do Rio.
Louise Bourgeois (1911-2010) foi uma artista francesa, naturalizada americana, relevante dos séculos XX e XXI. A figura da aranha é uma ode à sua mãe, que morreu em 1932 e era tecelã de tapeçaria. As aranhas são “úteis e protetoras, assim como minha mãe”, disse Bourgeois em 1995.
Outras duas Spider da mesma edição de 6 exemplares foram vendidas na Christie’s em Nova York. O número 2/6 foi vendido por US$ 32.055.000 BP, em maio de 2019. O número 3/6 foi vendido por US$ 28.165.000 BP, em novembro de 2015.
Outra fundição igual foi vendida pela Hauser & Wirth em junho de 2022 na Art Basel, na Suíça, por US$ 40 milhões. Versões distintas da “Spider” aparecem ocasionalmente em leilões, incluindo a “Spider IV“, que foi vendida por US$ 16,9 milhões em abril de 2022 na Sotheby’s de Hong Kong.
As Spiders de Bourgeois podem ser vistas em locais públicos ao redor do mundo e foram adquiridas por importantes instituições culturais como o Museu Guggenheim em Bilbao, a Tate Modern em Londres, o Musée d’Art Moderne em Paris, o Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía em Madri, a Dia Art Foundation em Nova York, o Qatar Museum em Doha, o Leeum Museum of Art in Seoul, o Mori Art Museum in Tokyo e a Galeria Nacional do Canadá em Ottawa.
A obra estava garantida por um terceiro. Isso significa que se houvesse um valor excedente a US$ 30 milhões, teria sido dividido entre o garantidor, a Sotheby’s e a Fundação Itaú. A obra sendo arrematada pelo valor base de US$ 30 milhões ficou finalmente para o garantidor — que certamente será revelado em breve — pois só os agentes mais influentes do mercado acessam este tipo de informações privilegiadas antes do colecionador comum.
Essa venda significa que a obra, após ter pertencido ao patrimônio cultural brasileiro por mais de duas décadas, deixou definitivamente o território nacional.
Vale ressaltar que seria quase impossível para um colecionador brasileiro repatriar a obra se tivesse a arrematado no leilão, já que o imposto de importação no Brasil representaria um adicional de 50% do custo total da obra, que neste caso teria sido igual a US$ 16.402.250, somando um custo total de US$ 49.206.750.
Sophie Su é consultora de arte. Acompanhe mais notícias do mercado da arte em www.sophiesuartadvisory.com.