A Positivo Tecnologia está pagando R$ 235 milhões pela vertical de serviços gerenciados de TI do Grupo Algar, dobrando sua aposta num segmento que tem margens maiores, recorrência de receita e cujo mercado endereçável chega a quase R$ 50 bilhões. 

A transação envolve uma das duas divisões da Algar Tech — a empresa de serviços do Grupo Algar —, que foi separada do negócio para ser vendida, com o nome de Algar TI Consultoria. Essa divisão faz parte de um mercado conhecido no mundo tech como MSP (management services providers).

11280 52fb3ee2 3cef b372 b9c6 379f985c11d4Há dois serviços prestados por essa empresa. O primeiro é o de serviços gerenciados, que consiste na gestão da infraestrutura de nuvem dos clientes, ajudando no uso, na implementação das ferramentas e na gestão dos gastos.

Quando um cliente contrata esse serviço, ele também pode contratar a consultoria de TI — que basicamente ajuda a empresa a definir a arquitetura de sua infraestrutura de tecnologia e dar recomendações dos serviços necessários para a evolução e gestão de todo o frontend.

Não faz parte da transação de hoje a vertical de customer experience da Algar Tech, que atua apenas com serviços de call center

A divisão alvo da transação faturou R$ 459 milhões nos últimos doze meses encerrados em setembro, com um EBITDA de R$ 56 milhões.

Com esses números, a Positivo teria pago um múltiplo de 4,3x EBITDA, em linha com o múltiplo que ela própria negocia na Bolsa. 

O múltiplo da compra, no entanto, é menor quando se olha os números fechados do ano passado e deve comprimir mais ainda com as sinergias de receita que a empresa espera capturar, o CEO e fundador da Positivo, Hélio Rotenberg, disse ao Brazil Journal. 

“Tem uma oportunidade de cross selling gigantesca, porque vamos nos tornar um one stop shop da infraestrutura de TI,” disse ele.

A Positivo já opera no setor de serviços de TI com a manutenção de devices como notebooks e PCs. Nessa vertical — que responde por 8% do top line — a companhia atende mais de 1.000 empresas, principalmente de médio e grande porte. 

Já a Algar TI Consultoria tem 160 clientes enterprise, que vão de grandes montadoras até bancos e farmacêuticas.

Segundo Hélio, há uma espaço enorme para vender as soluções da Algar TI Consultoria para a base de clientes atual da Positivo, e para vender hardware (como notebooks, servidores e PCs) para os clientes da Algar TI Consultoria.

“Ainda não mapeamos o tamanho dessas sinergias, mas achamos que vai ser algo brutal,” disse o chairman Alexandre Dias. “Estamos igual a macaco quando vê mel.”

A aquisição de hoje faz parte de uma estratégia mais ampla da Positivo de diversificar suas fontes de receita para além de seu core business de venda de computadores. 

Desde 2018, a companhia vem adicionando diversos negócios complementares, incluindo a venda de servidores, de produtos de internet das coisas (IoT), e de dispositivos de segurança, como câmeras.

Com isso, a participação do negócio core de vendas de computadores já caiu para 40% de receita, seguido pelas vendas de celulares (16%), serviços (8%), POS (6%), outros produtos como IoT e segurança (6%), e servidores (4%). 

No D+0, a aquisição já vai catapultar o segmento de serviços para cerca de 20% da receita. Segundo Hélio, o plano é que em alguns anos essa vertical responda por um terço da receita da empresa.

“É um setor que tem uma margem EBITDA muito atrativa, na ordem de 15% a 20%, e, mais importante ainda, que tem recorrência, que é algo que o modelo de negócio de hardware não tem,” disse Hélio.

A estimativa é que o mercado endereçável dos serviços de TI seja de cerca de R$ 49 bilhões no Brasil, com R$ 8 bi nos serviços de manutenção de devices, R$ 13 bi nos projetos de consultoria, e R$ 23 bi nos serviços gerenciados.

Rodrigo Guércio, o vp de negócios corporativos da Positivo, disse que o mercado tem se favorecido de uma tendência cada vez maior das empresas de terceirizarem esse tipo de serviço — dado o aumento do nível de especialização necessário.

“O ambiente de tecnologia está se tornando muito complexo de forma geral. Quando começamos a falar de inteligência artificial generativa, você precisa de um grau de especialização que vira um desafio para as empresas. São poucas as que vão conseguir ter pessoas especializadas em todas as tecnologias necessárias,” disse o executivo.