A Porto reportou um resultado do quarto tri que superou as expectativas do mercado, aliando crescimento e rentabilidade em todas as suas verticais de negócios.
A companhia de seguros teve um lucro líquido de R$ 688 milhões, um crescimento de 24% na comparação anual e um ROE de 23,9%.
O sellside projetava um lucro de R$ 615 milhões.
Em seguros, a principal vertical da companhia, a Porto cresceu os prêmios emitidos em 4,3%, com destaque para o segmento patrimonial, que cresceu 15,8%. No segmento vida, o crescimento foi de 8,6%; e no auto, de 2,7%, impulsionado basicamente por uma expansão da frota segurada, que cresceu 4,3%.
No ano, o crescimento dos prêmios do segmento auto foi de 10,7%, com a Porto conseguindo ganhar market share ao mesmo tempo em que manteve a sinistralidade baixa, em 53,7% — 4,9 pontos percentuais abaixo da média do mercado.
Na Porto Saúde, o crescimento continuou forte, com as receitas crescendo 48,4%, com a adição de 130 mil vidas, elevando a carteira para 543 mil beneficiários.
Ao mesmo tempo, a companhia conseguiu reduzir a sinistralidade para 75,8%, uma queda de 3,7 pontos percentuais, ano contra ano.
No crédito, a Porto teve um crescimento de 8,2% na carteira, para R$ 17,5 bilhões, e uma queda de 0,8 ponto no NPL 90 dias, que foi para 6,6%.
“Não só tivemos uma evolução positiva na inadimplência como enxergamos que essa tendência continuará nos próximos meses,” disse o CEO Paulo Kakinoff, que assumiu o cargo em 2 de janeiro. “Agimos de forma tempestiva, ágil, e temos construído safras que, diferente daquelas que geraram um descolamento da inadimplência em relação ao nosso histórico, já estão caminhando no trilho.”
Kakinoff disse que a perspectiva da Porto para este ano é positiva, tanto do ponto de vista macro quanto micro.
“Desde o início do ano temos indicadores positivos, num patamar acima do que vem sendo projetado: a redução dos juros, o nível de desemprego caindo, a produção automotiva para baixo, o que impacta a gente positivamente,” disse ele.
Já no ambiente competitivo, “vemos claramente uma dinâmica de recomposição dos níveis dos prêmios. Isso é muito saudável e a Porto tem sido um dos principais vetores disso, porque esse nível de retorno é justamente o que viabiliza e promove nossa agenda de expansão de negócios.”
No seguro auto, o resultado do ano passado foi beneficiado por uma dinâmica positiva para as seguradoras de modo geral: a queda dos preços dos carros usados, que haviam disparado depois da pandemia, ao mesmo tempo em que as seguradoras têm conseguido aumentar preço.
Essa queda nos preços dos usados, no entanto, pode pressionar os prêmios no médio prazo, segundo um analista que cobre a empresa. “No curto prazo eles estão se beneficiando, mas a competição pode começar a aumentar e essa dinâmica mudar,” disse ele.
Outro fator que beneficiou o resultado da Porto no ano passado — e de todas as seguradoras — foi a Selic alta, que começou a cair na metade do ano, depois de ter batido em 13,75%.
Celso Damadi, o CFO da Porto, disse, no entanto, que não vê um grande impacto da queda dos juros para este ano.
“Já temos uma carteira de títulos comprados com juros reais de entre 5% e 5,5%. Considerando uma inflação de 3,5% a 3,8%, ainda vamos ter uma receita muito robusta para os próximos anos,” disse ele.
“E não vemos a taxa de juros caindo tanto. Vai cair um pouco, mas essa queda historicamente a gente consegue repassar para o preço.”