Desde que o Google estabeleceu como meta se transformar no segundo player do setor de cloud, diversas especulações sobre possíveis M&As afloraram no mercado.

A mais recente: o Google deveria comprar a Salesforce.

A RBC Capital Markets levantou a bola ontem, dizendo que o negócio catapultaria o Google para a segunda posição do setor e ajudaria a empresa a recuperar terreno na nuvem, onde vem perdendo share consistentemente nos últimos tempos. 

Hoje, segundo o Business Insider, a Amazon Web Service (AWS) lidera o setor com 47,8%. A Microsoft tem share de 15,5% e o Google, de apenas 4%. 

Mas o movimento não sairia barato. 

A RBC estima que o Google teria que pagar US$ 250 bilhões pelo controle da Salesforce — um prêmio de mais de 70% em relação ao preço da empresa na Bolsa. 

A Alphabet, controladora do Google, está sentada em cima de mais de US$ 120 bi de caixa, e teria que emitir dívida para financiar a transação.

“O fato é que o Google Cloud Platform é claramente um player No. 3 na nuvem pública, significativamente atrás da AWS e da Azure (da Microsoft) em market share por receita,” escreveram os analistas do banco. “Dito isso, o Google tem feito um esforço agressivo em relação a aquisição de talentos, parcerias tecnológicas e M&As para moldar sua proposta estratégica de valor empresarial.” 

A RBC não é a primeira a prever uma grande aquisição do Google em cloud. Há algumas semanas, um analista da Wedbush Securities disse ao Business Insider que espera que Kurian faça transações relevantes no setor. E citou quatro possíveis aquisições: a Workday, uma empresa de recursos humanos e finanças baseada na nuvem; a Networks, de cybersecurity; a ServiceNow, de softwares na nuvem; e a Splunk, de data-analytics. 

Além de um grande M&A, a RBC acredita que o Google deveria fazer o spinoff de sua divisão de cloud, criando uma empresa com valuation superior a US$ 226 bilhões e dando autonomia para a companhia ganhar tração. 

A contratação de Thomas Kurian como CEO do Google Cloud no ano passado seria um indicativo disso, já que “agora a Google Cloud Platform tem um líder sênior com a familiaridade de Wall Street e comprovada experiência no setor,” escreveram os analistas da RBC em relatório. (Antes de entrar no Google, Kurian trabalhou por duas décadas na Oracle, onde chegou ao cargo de presidente de produtos da empresa). 

A RBC disse ainda que o spinoff é cada vez mais provável por conta do crescente escrutínio dos órgãos antitruste e da recente mudança no comando da Alphabet — com a saída de Larry Page e a entrada de Sundar Pichai como CEO. O movimento sinaliza “uma maior disposição da companhia para otimizar a operação de suas unidades de negócio.”