Politico, o principal site sobre a política de Washington e seus bastidores, está sendo vendido por mais de US$ 1 bilhão para a Axel Springer, o gigante de publishing alemão.

A transação está sendo vista como uma das mais caras da história da mídia digital. 

O Politico está sendo avaliado em 5x sua receita anual. Para efeito de comparação, o New York Times negocia na Bolsa a cerca de 4x, e o BuzzFeed foi avaliado em 3x receita (ou US$ 1,5 bi) na fusão com um SPAC.

Essa é a terceira aquisição da Axel Springer nos EUA. Em 2015, ela comprou o Business Insider por US$ 500 milhões — este sim, o deal de mídia mais caro da história, a 9x receita — e no ano passado comprou o controle da Morning Brew, a maior newsletter dos EUA, então com 2,5 milhões de assinantes.

Jim VandeHei e John F. Harris — dois veteranos do The Washington Post — fundaram o Politico em 2007. Quem bancou o negócio foi Robert Allbritton, cuja família era dona de uma série de afiliadas da ABC.  (Em 2013, Allbritton vendeu o negócio de broadcast por US$ 985 milhões de valor de equity.)

Pesaram na decisão: a dificuldade em reter talento e um quadro de quase 400 jornalistas em vias de formar um sindicato.

Mathias Döpfner, o CEO da Axel Springer, disse que o Politico “deslocou o jornalismo político digital,” e enfatizou que o novo controlador manterá a independência editorial e a cobertura apartidária.

A Axel Springer e o Politico já eram parceiros desde 2014 numa joint venture chamada Politico Europe, a versão do site para Bruxelas e a União Europeia.

Allbritton, o controlador do Politico, disse que sua empresa “colocou ênfase em fazer em vez de se promover, e conseguiu o que múltiplos concorrentes sempre quiseram: uma publicação consistentemente lucrativa que apoia a verdadeira excelência jornalística.”

Há uma semana, o The Hill, outro site político americano, também trocou de mãos. 

Mas Fernando Rodrigues foi pioneiro. O publisher do Poder360 — o Politico brasileiro — vendeu 25% do negócio ao empresário Fred Trajano em abril.

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Em outro movimento envolvendo um nome icônico da mídia, a Forbes está indo para a Bolsa por meio da fusão com um SPAC. 

Famosa por suas listas de bilionários, a Forbes está se unindo ao Magnum Opus Acquisition numa operação que lhe dá um enterprise value de US$ 630 milhões. 

As ações serão negociadas na NYSE sob o ticker FRBS. A fusão com um SPAC também foi o caminho escolhido pelo Buzzfeed em junho.

A Forbes atinge mais de 150 milhões de pessoas por meio de seu jornalismo, eventos e programas de marketing. Fundada em 1917 como uma revista, ela ainda tem uma edição impressa que circula oito vezes por ano nos EUA, além de 45 licenças para uso da marca em 76 países.

Em 2014, a família Forbes vendeu 95% da companhia para a Integrated Whale Media, de Hong Komng, por US$ 415 milhões.