Saulo — cujo podcast “Um Professor Lê” vai te ajudar a atravessar a quarentena — diz que os leitores do poema devem desejar a mesma coisa.
“Saber que cada leitura age diretamente sobre si e, a partir disso, alguma coisa se deve modificar. Saber, também, que um livro não tem qualquer poder sobre o mundo. Mas as pessoas que leem, essas têm muito. Especialmente quando vão de mãos dadas.”
Também não cantarei o mundo futuro
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças
Entre eles, considero a enorme realidade
O presente é tão grande, não nos afastemos
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história
Não direi os suspiros ao anoitecer, a paisagem vista da janela
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida
Não fugirei para as ilhas nem serei raptado por serafins
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes
A vida presente