A ação da CI&T disparou 21% hoje em sua estreia na Bolsa de Nova York.
A consultoria de transformação digital movimentou US$ 195 milhões no IPO, precificado ontem à noite.
A ação saiu a US$ 15, avaliando a empresa em US$ 2,05 bilhões, e fechou o primeiro dia de trading a US$ 18,12.
Para concluir a operação, a CI&T teve que baixar a faixa indicativa de preço em cerca de 10%, de US$ 17-19 para US$ 15-17.
Cesar Gon, um dos fundadores da CI&T junto com Fernando Matt e Bruno Guicardi, disse ao Brazil Journal que o desconto foi necessário para ajustar o valuation ao aumento do risco Brasil.
Segundo ele, os investidores quiseram saber mais sobre a situação política e econômica brasileira atual e quais as implicações para o negócio da CI&T . (Hoje, 49% da receita da empresa vem dos EUA, 45% do Brasil, e o restante da Europa.)
“Eu passei um ano conversando com investidores para apresentar a CI&T antes da oferta. As perguntas sobre o Brasil só apareceram agora”, disse Cesar.
A CI&T nasceu em 1995 em Campinas como uma empresa de software. Ao longo dos anos, transformou-se numa consultoria estratégica que auxilia a transformação digital tanto de grandes empresas — como Coca-Cola, Itaú, e Anheuser-Busch InBev — quanto de startups que precisam escalar suas operações.
Em junho, a CI&T comprou a concorrente Dextra, que atende nomes como Rede Globo, Dafiti e Dasa. Somadas, as duas companhias têm faturamento próximo a R$ 1,6 bilhão.
Segundo Cesar, o histórico de execução da CI&T ajudou na conversa com os investidores: a empresa apresenta lucro e crescimento há 26 anos.
O book do IPO ficou 80% concentrado em investidores de longo prazo, e os 20% restantes ficaram com hedge funds e varejo.
Com a oferta, a CI&T colocou US$ 167 milhões no caixa e vai usar os recursos para aquisições nos Estados Unidos e a expansão da atuação na Europa. A exposição das receitas ao Brasil deverá diminuir um pouco em função disso, mas o País seguirá como o segundo mercado da empresa.
“Temos um plano sólido para mais uma década de crescimento. Os EUA são o nosso maior mercado e o que mais cresce”, disse Cesar. Para ele, a exposição da companhia a moedas fortes é fundamental para o negócio, pois acaba sendo um hedge natural às intempéries do Brasil.
A abertura de capital faz parte do plano da CI&T de crescimento apoiado na flexibilidade do mercado de capitais, uma estratégia que teve início com o investimento da Advent no negócio, em 2019.
O IPO teve uma pequena parcela secundária, de US$ 28 milhões, uma venda pro rata dos fundadores e da Advent. A empresa chegou à NYSE com um free float próximo a 10%. A Advent tem cerca de 37% do capital, e os outros 53% estão com os fundadores e executivos.
Os coordenadores foram Citi e Goldman Sachs (líderes), JP Morgan, Morgan Stanley, Bank of America, Itaú BBA e Bradesco BBI.