A Maha Energy — a petroleira listada em Estocolmo que tem a Starboard como acionista de referência — fechou um acordo com a Novonor para comprar os 40% que a holding da família Odebrecht detinha no campo de Petrourdaneta.
O campo — que fica próximo ao lago de Maracaibo, na Venezuela — tem reservas de mais de 1 bilhão de barris e um oil in place de mais de 8 bilhões de barris, segundo a Rystad Energy, uma empresa de pesquisa de mercado do setor.
Para efeito de comparação, a 3R tem cerca de 500 milhões de reservas e a PetroRio, 800 milhões.
A Maha vai pagar US$ 10 milhões pelo ativo e investir outros US$ 50 milhões para revitalizar o campo e aumentar sua produção.
Petrourdaneta produz hoje cerca de mil barris por dia, e a ideia da Maha — que vai assumir um papel importante na gestão do campo — é chegar a 20 mil/dia em dois anos e 40 mil/dia em quatro anos, quando a produção deve se estabilizar.
Um dos poços de Petrourdaneta (o P-84) entrou para o Guinness Book of Records como um dos poços de maior produção acumulada do mundo: iniciou sua produção em 1946 com 28.000 barris/dia e produziu por décadas até a marca de 60 milhões de barris.
A compra da participação vem num momento de inflexão para a indústria de petróleo da Venezuela, com os Estados Unidos anunciando o relaxamento das sanções contra a indústria de petróleo do país por seis meses — abrindo espaço para empresas internacionais investirem no setor.
Em troca, o governo venezuelano concordou em realizar uma eleição limpa no ano que vem, sob monitoramento de órgãos internacionais.
O outro acionista de Petrourdaneta é a Petróleos de Venezuela (PDVSA). A estatal venezuelana tem 60% do capital.
Desde que os EUA impuseram sanções ao setor de petróleo venezuelano, a produção do campo vem gerando dividendos a receber a Novonor, que ainda não foram distribuídos. Agora, esses dividendos serão pagos à Maha com o incremento da produção do campo.
É o mesmo modelo do acordo que a Chevron fez com a PDVSA: a petroleira americana vai colocar dinheiro para aumentar a produção, mas em troca vai tocar toda a operação, indicar o management e ficar com os resultados.
Outro fator importante do campo é sua produção de gás, que a Maha pretende ampliar e vender para a Venezuela e para a Colômbia.
A transação será transformacional para a Maha, que hoje possui um caixa bruto de US$ 150 milhões e um market cap de US$ 130 mi. A empresa produz apenas 2 mil barris por dia — a soma de um ativo nos EUA, um em Omã e uma participação de 15% na 3R Offshore, uma subsidiária da 3R que é dona dos campos de Papa-terra e Peroá.
A Starboard tem 16% do capital da Maha e a norueguesa DBO, 12%. Outro grande acionista é a área de special sits do BTG Pactual, com 5%.
Em dezembro passado, a Maha vendeu seus ativos no Brasil, o Campo de Tiê e de Tartaruga, por R$ 1 bilhão para a Petrorecôncavo.