A Petrobras vai captar cerca de R$ 8 bi com um fundo de direitos creditórios (FIDC), monetizando uma dívida que a Eletrobras detém contra a petroleira.
Itaú, Santander e Banco do Brasil já foram contratados para estruturar a operação, que deve ser anunciada nas próximas semanas, segundo fontes ouvidas pelo Brazil Journal.
A remuneração do FIDC será de CDI + 2,3% ao ano. As amortizações serão mensais, e a dívida vence em 2025. O duration da emissão é de 2,7 anos.
O saldo devedor da Eletrobras contra a Petrobras é de R$ 9,56 bilhões. A dívida tem origem no fornecimento de combustível por parte da Petrobras para distribuidoras que eram controladas pela Eletrobras e ficam no Norte do País, o chamado ‘sistema isolado’— abastecido por térmicas caras porque não estão totalmente integrados ao restante do sistema elétrico brasileiro.
No ano passado, a Eletrobras aceitou assumir essa dívida para viabilizar a privatização das distribuidoras, concluída em abril.
A emissão é pouco comum e considerada um ‘jumbo deal’ no mercado de dívida. Mas para fontes que conhecem o mercado, há espaço para a colocação, especialmente dado o fechamento da taxa de juros, que aumentou a procura por títulos de renda fixa com algum spread.
“Pode haver alguma dificuldade de colocação porque a Eletrobras já emitiu uma debênture de R$ 5 bi em abril e o mercado já está relativamente exposto ao risco da empresa”, disse um banqueiro. “Mas dá pra fazer”.
De toda forma, os bancos têm espaço para encarteirar parte da emissão, que será voltada para investidores institucionais domésticos.
O risco de inadimplência da Eletrobras vem sendo considerado menos relevante na gestão de Wilson Ferreira Jr. e com a possibilidade de privatização da companhia.
A Eletrobras considerou emitir debêntures para quitar o contrato com a Petrobras, mas, segundo apurou o Brazil Journal, a estatal de petróleo não deu o desconto esperado para a devedora.