Paulo Rebello — que foi presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) pelos últimos quatro anos — acaba de assumir um cargo executivo na AJA Seg, uma corretora de planos de saúde fundada há menos de um ano por um ex-sócio da XP.

Rebello será o diretor institucional da AJA Seg, cuidando de todo o relacionamento da companhia com as operadoras de saúde, as corretoras parceiras e outros agentes do mercado. 

O novo cargo é um retorno de Rebello ao setor privado depois de mais de 20 anos de vida pública. 

Formado em Direito, ele começou sua carreira advogando para uma concessionária de energia na Paraíba. Depois trabalhou para a companhia de águas da Paraíba, antes de entrar no Ministério das Cidades em 2011, como consultor jurídico do Ministro. 

Paulo Rebello

Ele também trabalhou no Ministério da Integração e foi chefe de gabinete do Ministério da Saúde entre 2016 e 2018, saindo para assumir uma posição na ANS, na área econômica-financeira da agência. Foi indicado presidente da ANS em 2021, para um mandato que terminou em dezembro. 

“Quando encerrei meu mandato, o Bruno [Autran, fundador da AJA Seg] me chamou para conversar e apresentar o projeto deles e já aceitei de cara,” Rebello disse ao Brazil Journal. “É um projeto muito interessante porque ajuda a reduzir as assimetrias entre os grandes players e as milhares de pequenas corretoras independentes.”

A AJA Seg foi fundada em agosto passado por Autran, cuja carreira no mercado financeiro inclui passagens pelo Pactual, Squadra, Vinci e Safra. Em 2014, Autran decidiu empreender e fundou uma corretora de seguros, que depois se fundiu com o Grupo Case e acabou comprada pela Dasa em 2021. 

Autran então decidiu empreender de novo: fundou outra corretora de seguros, logo comprada pela XP. Bruno passou então a ser sócio e executivo da empresa de Guilherme Benchimol, tocando toda a área de seguros corporativos, incluindo o de saúde. Ficou até agosto do ano passado.

“Eu vi que tinha muita corretora pequena que não conseguia ser competitiva e que existia uma possibilidade de criar algo para ajudar esses empreendedores,” disse Autran.

Bruno Autran ok

A AJA Seg opera com duas frentes: a corretora tradicional, que atende os clientes diretamente, e um modelo que o fundador chama de ‘corretora as a service’, em que ela faz toda a parte operacional e de gestão de risco e de saúde para as pequenas corretoras, deixando-as focadas apenas em vender. 

“Vimos que os pequenos corretores começam a ganhar as contas com seu relacionamento pessoal, mas quando chegam em determinado tamanho, eles têm que focar muito no trabalho operacional, de gestão daquela carteira, e acabam parando de crescer,” disse Autran. 

“Ajudamos eles com esse trabalho do dia a dia, de movimentações cadastrais, reembolsos, atendimento ao RH, e também com a gestão de risco e saúde, que é entender o consumo individual de saúde de cada empresa, comparar com dados estatísticos e sugerir ações para reduzir o sinistro.”

A AJA Seg atende 11 corretoras, que faturam de R$ 700 mil a R$ 5 milhões, ganhando uma parcela da receita pelo trabalho. A vertical de ‘as a service’ responde por metade da receita hoje, que deve fechar em R$ 6 milhões a R$ 8 milhões este ano. 

A expectativa da companhia é chegar a 100 corretoras parceiras em 2029, quando deve faturar cerca de R$ 200 milhões, segundo as projeções do fundador. 

O mercado potencial é gigantesco. Paulo diz que existem 133 mil corretores que fizeram a prova da Susep – que habilita alguém a trabalhar no ramo – e 65 mil corretoras PJs, sendo que metade delas fatura menos de R$ 100 mil por ano. 

“Queremos construir riqueza junto com as corretoras e gerar impacto no âmbito nacional. Não vamos focar só nas grandes empresas,” disse o ex-presidente da ANS.