A Randon acaba de anunciar que está vendendo 20% de sua operação de consórcios e seguros para o Pátria, numa transação que dará poder de fogo para a fabricante de semirreboques e carrocerias acelerar o ritmo de expansão desses negócios, inclusive com M&As.  

A transação também evidencia o valor descontado da Randon na Bolsa. 

O investimento do Pátria avalia a unidade de negócios de consórcios e seguros da Randon em R$ 1,6 bilhão, com a gestora pagando R$ 320 milhões pela participação. 

12072 2d379347 a88b 59f9 68f9 a71436904bb9Para efeito de comparação, a Randon inteira vale R$ 2,7 bilhões na Bolsa. 

Os negócios de consórcios e seguros estavam debaixo da Rands, uma unidade de negócios que engloba também a financeira do grupo além dos negócios de tecnologia e de locação de veículos pesados. 

Para viabilizar o investimento, a Randon criou uma holding que será a dona dos dois negócios. A companhia terá 80% do capital da holding, e o Pátria, 20%. 

No ano passado, a Rands fez uma receita líquida de R$ 844 milhões — cerca de 6% da receita total da Randon — com um EBITDA de R$ 236 milhões, 15% do total. O negócio de consórcios responde por 44% dessa receita e o de seguros por 1%. 

O CEO da Randon, Sergio Carvalho, disse que o objetivo para os próximos 3 a 4 anos é que a Rands passe a responder por 10% da receita da Randon.

Segundo ele, a vertical cresceu nos últimos seis anos a uma taxa média anual de 46%, e a ideia é manter ou até acelerar esse ritmo. 

Já os negócios de consórcios e seguros isoladamente vinham crescendo a uma taxa média de 18% no mesmo período. 

“Estávamos numa fase de estruturar algumas coisas da operação, por isso o ritmo estava menor. Mas agora estamos confortáveis de acelerar muito essa taxa de crescimento,” Daniel Ely, o vp da Randon e COO da Rands, disse numa call com analistas.

Parte desse crescimento virá da entrada em novos produtos e canais. 

Hoje, a Rands já é a terceira maior administradora de consórcios de veículos pesados do País – e a maior quando se excluem os grandes bancos. A companhia também opera com consórcios no varejo, para veículos leves e imóveis, e consórcios para serviços, com a marca Yeah. Em ambas as verticais, no entanto, ela ainda tem uma penetração muito pequena.

Um dos planos principais é justamente acelerar o crescimento no varejo e em serviços. 

Outro plano: entrar no mercado secundário de consórcios, “onde ainda não estamos e onde o Pátria já tem bastante experiência, inclusive com algumas de suas investidas.”

O investimento do Pátria está sendo feito pela vertical de ‘high growth’ da gestora, criada com a aquisição da Kamaroopin, de Pedro Faria, e da Igah Ventures. 

Um dos investimentos desse veículo de high growth é a Consorciei, que opera no mercado secundário de consórcios intermediando a compra e venda de cotas de consórcios.

Daniel disse que os recursos injetados pelo Pátria serão usados para aquisições, a criação de joint ventures e para compra de carteiras nesses segmentos. 

“Já existe uma ideia prévia dos targets, tanto por parte do Pátria quanto nossa,” disse ele. “Após as aprovações do CADE e do BC já devemos fechar pelo menos uma ou duas transações.”

A expectativa é que o closing da operação aconteça até novembro deste ano, quando o Pátria pagaria 60% do montante total. Os 40% restantes serão pagos um ano depois do closing, com correção monetária.