A Adam Capital, que se tornou um fenômeno de captação e já administra R$ 12,7 bilhões, vai abrir um novo fundo nesta sexta que, a gestora estima, pode captar até R$ 30 bilhões.
O Adam Macro Strategy vai seguir as mesmas teses macroeconômicas dos dois multimercados originais da gestora — o Adam Macro, que concentra 90% dos ativos da casa, e o Adam Advanced, que é basicamente o Adam com anabolizantes — mas vai se apoiar em operações no mercado de câmbio, que oferece mais profundidade que o mercado de juros.
“O mercado de juros brasileiro começou a ficar pequeno para o tamanho do fundo,” diz André Salgado, sócio da Adam, referindo-se ao Macro. Segundo ele, os mercados de DI, NTN-B e outros papeis de renda fixa, apesar de líquidos, não permitem que um fundo grande mude de ideia e troque de mão no mesmo dia — mas o mercado de câmbio, dez vezes maior, sim.
Salgado nega que a Adam tenha tido dificuldade em trocar de mão no dia que se seguiu à delação de Joesley Batista, mas quer garantir essa flexibilidade daqui para frente.
“A ideia da empresa é continuar crescendo,” diz Salgado. Com seus dois fundos fechados e clientes ainda querendo entrar, “fomos pesquisar o que seria possível entregar sem mudar o DNA da companhia.”
O que a Adam descobriu é que o mercado de juros local guarda um alto grau de correlação com o mercado de câmbio, permitindo expressar as mesmas teses num mercado muito mais líquido.
Assim, uma tese do gestor da Adam, Marcio Appel — por exemplo, de que a economia brasileira continuará fraca, mantendo a inflação sob controle e a Selic, em queda — pode ser executada nos dois mercados com praticamente o mesmo resultado. A forma clássica seria vender os juros futuros na BM&F — perdão, na B3. Mas outra forma seria operar no mercado de câmbio, onde, na opinião da Adam, a menor demanda por importados levará a uma conta corrente muito favorável e a uma desvalorização do dólar.
A correlação entre os mercados de câmbio e juros deve fazer com que o Strategy tenha uma performance muito parecida com a do Macro.
Assim como os outros fundos da casa, o Strategy terá como benchmark o CDI, taxa de administração de 2% e taxa de performance de 20% do que exceder o CDI. A aplicação inicial será de R$ 50 mil, como a do Macro. Credit Suisse e Itaú montaram veículos próprios de accesso ao fundo; outros bancos e distribuidores vão acessar o FIC administrado pela Mellon.
Outro diferencial do Strategy: o fundo investirá também em ações globais, particularmente empresas de tecnologia, entretenimento e farmacêuticas, setores que devem concentrar a geração de riqueza no médio e longo prazo, na opinião da casa. Hoje, o Macro já investe em índices (S&P, DAX), mas não em ações.
Para ajudar no stockpicking de ações globais, a Adam contratou Ruy Alves, que tem experiência desenvolvendo fundos com este tipo de exposição, e Fernando Gonçalves, que já passou pelo JP Morgan e Merrill Lynch e mais recentemente gerenciava os portfólios de ações globais da Gávea Investimentos. A ideia é escolher ações com baixa correlação para aumentar o equilíbrio do portfólio.
O Strategy nascerá como um produto de liquidez em 30 dias (D+30), mas depois de atingir um certo tamanho (algo entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões), a Adam pretende aumentar o prazo de resgate de novos entrantes para 90 dias.
Appel, que historicamente produz retornos acima de 150% do CDI nos fundos que administra, deixou o Safra para montar a Adam há um ano e meio. Desde abril de 2016, quando foram abertos a clientes, o Macro tem um retorno de 24% (155% do CDI), e o Advanced, de 41% (260% do CDI).