No mesmo dia em que a Moody’s aumentou a nota de crédito da Petrobras e a Bovespa subiu para seu nível mais alto desde abril de 2012, a PIMCO também teve coisas boas para dizer sobre o Brasil.

Num artigo intitulado ‘Brazil — The Comeback Kid?’, os gestores Yacov Arnopolin e Lupin Rahman, responsáveis pelos fundos para mercados emergentes, disseram ‘tirar o chapéu’ para a mudança na política econômica no país. O texto foi publicado hoje.

Os gestores reforçaram sua confiança no processo de recuperação da economia, com expectativa de redução da taxa básica de juros para o patamar de um dígito e o aumento nos ‘ratings’ soberanos e corporativos, e disseram que o Brasil tem potencial de desempenho superior aos demais emergentes.

A PIMCO é uma das maiores gestoras de recursos do mundo, com US$ 1,5 trilhão sob administração.

Os motivos para o otimismo já são dados na abertura do texto:

“Uma economia preparada para a recuperação. Um presidente comprometido com reformas. Um governo com tecnocratas competentes. Medidas duras contra a corrupção. Uma série de novos CEOs para comandar as ineficientes estatais. Um banco central que está embarcando num novo ciclo de queda de juros. Um país com um mercado de capitais amplo e líquido. Será que alguém vai acreditar que estamos falando do Brasil?”.

Tudo isso, afirmam, deve trazer o ‘espírito animal’ de volta ao país, facilitando o processo de recuperação da economia.

Nesse cenário, a PIMCO espera uma forte queda na Selic nos próximos anos. Enquanto a curva de juros para janeiro de 2018 precifica um corte de 3,2 pontos percentuais, a gestora estima um ciclo ainda mais agressivo de reduções, de 5 pontos percentuais ao todo.

Apesar do otimismo, eles reconhecem que a recuperação nos ativos brasileiros até agora é fruto mais da confiança no governo do que das reformas efetivas – e pontua os desafios para concretizá-las.

Mostrando um senso apurado de Brasil, a PIMCO adverte que o risco político não está totalmente controlado e que o governo Temer pode enfrentar resistência da população, seja por conta do aumento dos níveis de desemprego e das propostas de reforma da Previdência, seja pelo risco Lava Jato. (Eles fazem um alerta pertinente aos gringos: “Os brasileiros costumam votar em governos grandes e com uma rede forte de seguridade social”).

Além disso, pontuam, a trajetória da dívida pública em relação ao PIB é explosiva e não há solução de curto prazo – qualquer iniciativa dependerá do esforço continuado dos próximos governos.

Outro problema, afirmam, é a resistência da inflação, por conta da indexação da economia e dos gargalos de oferta, que podem levar os preços a demorarem mais que o esperado para ceder.