Quem ainda não está olhando para os preços do carbono, deveria começar agora.
Pelo menos, é o que acha a Bridgewater.
O maior hedge fund do mundo está dizendo a seus clientes que o carbono “vai se transformar num input importante para a atividade econômica e para entender os drivers de uma economia.”
“Assim como o petróleo, o gás, o carvão e outras commodities são inputs de custo comuns que refletem como o crescimento e a inflação estão evoluindo, esperamos que com o tempo muitas empresas tenham que pagar pelo carbono como parte de sua atividade, tornando-o um input de custo essencial para os investidores monitorarem,” escreveu a gestora em sua carta a investidores.
Segundo a Bridgewater, isso já está acontecendo na Europa.
Com o aumento da demanda pós-pandemia, os preços do carbono quase triplicaram, contribuindo para alimentar a pressão inflacionária — já que os preços dos créditos de carbono interagem com outros preços da economia, como o gás natural.
O fundo de Ray Dalio acha que a tendência é que o mercado de carbono seja cada vez maior e mais líquido, atraindo investidores que encontram neste mercado uma forma de apoiar o desenvolvimento da infraestrutura financeira e “a flexibilidade necessária para o cumprimento das metas carbono zero.”
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Há dois tipos de mercado de carbono no mundo: o voluntário e o regulado.
No voluntário, os emissores buscam compensar suas emissões por vontade própria. É um mercado que ainda está engatinhando em termos de liquidez, até mesmo pela falta de padronização de contratos e supervisão das compensações.
Já o mercado “regulado”, comum na Europa, é aquele em que os governos colocam limites e liberam as permissões para as emissões de acordo com seus objetivos climáticos.
O emissor paga pelas permissões e, se ficar com uma quantidade superior à sua necessidade, pode guardar essas licenças ou negociá-las no mercado secundário.
A formação inicial de preços se dá a partir da taxação do carbono pelo governo ou pelo sistema de comércio de emissões (cap and trade). Para cumprir as metas climáticas, cada governo também pode aumentar ou diminuir a quantidade de licenças para os emissores.
Esse mercado regulado, diz a Bridgewater, está evoluindo rapidamente, tornando esses instrumentos financeiros relevantes.
“O mercado de carbono já é relevante para o acompanhamento da economia europeia e tem liquidez suficiente para os grandes investidores participarem”, diz a gestora. “A tendência é que os mercados de outros países evoluam de forma semelhante, aprendendo com a experiência europeia, que está na dianteira neste tema.”
A Bridgewater nota que 12 estados americanos, que respondem por um terço do PIB dos EUA, já têm um mercado de carbono, e que a China recentemente lançou o seu.
Além disso, 132 países têm metas para zerar emissões de carbono, e reguladores do mundo todo estão trabalhando para estabelecer mercados para apoiar a transição para uma economia menos intensiva em carbono.