A PagSeguro está em negociações finais para comprar o Banco BV (o antigo Banco Votorantim) por cerca de R$ 16 bilhões, duas fontes a par do assunto disseram ao Brazil Journal.
A transação é a aposta mais ousada do empresário Luiz Frias até agora: deixar de ser uma fintech (uma instituição de pagamentos, no jargão do BC) e entrar no mercado bancário, substancialmente mais regulado e do qual Frias nunca participou.
Como sempre ocorre neste tipo de negócio, não há garantias de que a transação será fechada, e as conversas podem chegar a um impasse no último minuto.
O BV — que pertence ao Banco do Brasil e à família Ermírio de Moraes — tem um patrimônio líquido de R$ 11 bilhões e cerca de R$ 20 bilhões em linhas interbancárias, que são dadas e renovadas com base na percepção de crédito da instituição e de seu acionista controlador.
A PagSeguro é dona de um negócio de baixo risco e muita rentabilidade: ela é um negócio de serviços com um pequeno componente de crédito. Já no BV, o componente de crédito é muito relevante: o banco é dono de uma das maiores carteiras de financiamento de automóveis do País, um ativo que já se revelou problemático para a maioria dos bancos que operam no segmento.
A transação deve levar a uma nova oferta de ações da PagSeguro, que vale perto de US$ 18 bilhões na Nasdaq (ou R$ 93 bilhões ao câmbio de hoje). Frias controla a PagSeguro por meio de sua participação no UOL, que por sua vez faz parte do Grupo Folha.
Pelo menos uma das fontes disse ao Brazil Journal que o Banco do Brasil vai ser pago em dinheiro, e que a família Ermírio de Moraes receberá parte em ações da PagSeguro.
O JP Morgan está estruturando o financiamento para a PagSeguro.
A Goldman Sachs está assessorando os vendedores.
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UPDATE: Depois que este post foi publicado, a ação da PagSeguro caiu mais de 15% em Nova York. Por volta de 14:40, a PagSeguro negou que esteja negociando a compra do BV. O Brazil Journal mantém a informação.