A JHSF reportou seu oitavo trimestre consecutivo de crescimento da receita e o maior resultado de sua história nos negócios de renda recorrente — um reflexo da estratégia da dona dos hotéis Fasano e do Shopping Cidade Jardim de criar um ecossistema de luxo diversificado.
A companhia reportou uma receita bruta de R$ 564 milhões no trimestre, um crescimento de 38% ano contra ano. Desta receita, R$ 342 milhões vieram dos negócios de renda recorrente, com destaque para a vertical de ‘residences & clubs’, que mais do que dobrou de tamanho.
Já o EBITDA ajustado veio 77% maior que o do terceiro tri do ano passado: R$ 263 milhões.

O lucro líquido ficou em R$ 309 milhões, mais que dobrando em relação ao mesmo período do ano passado. Este número, no entanto, foi impactado pela reavaliação dos ativos da companhia, que gerou um impacto positivo não-caixa de R$ 191 milhões.
O resultado veio acima do consenso, que projetava receita de R$ 505 milhões, EBITDA de R$ 204 milhões e lucro de R$ 80 milhões.
“Esse é um resultado histórico, que mostra os nossos dois braços – incorporação e renda recorrente – muito fortes, e consolida nossa transformação num ecossistema de lifestyle,” o CEO Augusto Martins disse ao Brazil Journal.
“Em renda recorrente, também tivemos um crescimento com uma distribuição de risco muito equilibrada entre os negócios. No EBITDA, cada um dos três blocos representou cerca de 33%. Isso traz muito mais previsibilidade.”
O CEO disse que a incorporação está se tornando cada vez mais ‘tailormade’, com lançamentos controlados e pouca necessidade de dar descontos.
“Isso só é possível pelo crescimento da renda recorrente, que traz previsibilidade no resultado e permite que a gente tenha mais controle dos lançamentos, preservando o valor dos nossos estoques,” disse Augusto.
Nos negócios de renda recorrente, o maior crescimento veio da vertical ‘residences & clubs’, que engloba as unidades residenciais para aluguel e os clubes da rede (o Boa Vista Village Surf Club, São Paulo Surf Club, e o Fasano Tennis Club).
A receita dessa vertical cresceu 138% no tri para R$ 69,5 milhões, ultrapassando o aeroporto.
O crescimento teve a ver com a entrada em operação de 40 novas unidades para aluguel e com a venda de memberships para o Fasano Tennis Club e o São Paulo Surf Club, cujo membership custa R$ 1,1 milhão e a anuidade, em torno de R$ 40 mil.
“Essa vertical tem crescido muito e é muito relevante na nossa estratégia porque ela cria uma conexão muito grande com os nossos clientes, que passam a ter contato com a JHSF ao longo da semana. Montamos uma área de entretenimento e lifestyle para cuidar disso de forma minuciosa,” disse o CEO.
Nos shoppings da JHSF, as vendas dos lojistas cresceram 11%, e o ‘same store rent’, 7,1% – mesmo com a venda de participações minoritárias no período. A taxa de ocupação dos shoppings ficou em 99%, a maior do setor.

O destaque foi o Shopping Cidade Jardim, que cresceu 16%, com a entrada de novas marcas como a Van Cleef & Arpels, Chanel e Tiffany. (Estas duas últimas vão abrir suas flagships no Cidade Jardim).
A JHSF opera ainda o Shops Jardins e o Boa Vista Village Market, além de estar construindo o Shops Faria Lima, que deve ficar pronto em meados de 2027, e o Town Center no Boa Vista Village, que vai abrir ainda este ano.
Em hospitalidade e gastronomia, a JHSF cresceu sua receita em 11%, e o EBITDA na mesma proporção. A expansão foi reflexo de um aumento de 9,2% na diária média e de 7,5% no couvert médio.
No trimestre, a JHSF inaugurou a primeira fase do Fasano Sardegna, seu primeiro hotel na Europa, e vai abrir outros três — em Miami, Londres e Cascais — nos próximos anos.
Quando todos os hotéis estiverem operando, o que deve acontecer em cerca de três anos, o CEO estima que a receita da vertical mais que dobrará.
O aeroporto Catarina – onde o PIB cada vez mais pousa e hangara seus jatos – cresceu a receita em 36% para R$ 62,3 milhões com a entrega de sua quinta expansão, que adicionou quatro novos hangares e 80 mil metros quadrados de pátio instalado. A JHSF já anunciou uma sexta expansão, que deve ficar pronta no primeiro semestre do ano que vem e adicionar três novos hangares.
“Além dessas expansões, ainda temos espaço para mais que dobrar a área instalada. A alavancagem operacional desse negócio é tremenda,” disse o CEO.
Por fim, a vertical de incorporação teve uma receita de R$ 400 milhões, um crescimento de 36% ano contra ano e um EBITDA de R$ 115 milhões, mais que o dobro do terceiro tri de 2024.
Esse trimestre provavelmente deve ser o último em que a JHSF reporta os números de incorporação. Recentemente, a companhia vendeu todo seu estoque e projetos em desenvolvimento para um fundo imobiliário, ficando apenas com o landbank.
A transação vai injetar R$ 4,6 bilhões na companhia e deixar a JHSF com um caixa líquido de R$ 3,2 bilhões.
Nos últimos anos, a companhia tem fechado o gap de valuation em relação a seu arquirrival na arena do luxo, o Iguatemi.
Em 2018, a companhia de Zeco Auriemo chegou a valer apenas 9% do market cap da empresa dos Jereissati. Hoje vale R$ 4,8 bilhões, o equivalente a 67% do valor de mercado do Iguatemi.











