O Ebit Nielsen disse hoje a seus clientes que o mercado brasileiro de ecommerce é 10% maior do que ele estimava, uma reavaliação que pode ter implicações relevantes para o entendimento (e o valuation) das empresas do setor.
A nova estimativa do Ebit veio depois que a empresa de inteligência de mercado passou a receber os dados da Via (a antiga Via Varejo). A dona das Casas Bahia e do Pontofrio não reportava seus dados ao Ebit desde janeiro de 2019, forçando o Ebit a estimar seu share.
Agora, a reavaliação do tamanho do setor sugere que o share da Via é significativamente maior do que o mercado acreditava.
Para se ter uma ideia, em 2020 o Ebit estimou que o mercado de ecommerce faturou R$ 87 bilhões. Um aumento de 10% seria o equivalente, portanto, a um faturamento adicional de R$ 8,7 bilhões — neste caso, totalmente atribuível à Via.
Como relatórios do sellside estimam que a Via era dona de algo entre 10% e 12% do mercado em 2020, o aumento do mercado projetado pelo Ebit sinaliza que a Via pode ter até o dobro do share que os analistas estimavam até aqui.
A reavaliação do mercado joga luz sobre a dificuldade dos analistas de modelar o share das empresas do setor.
Segundo os dados reportados pela Via, a companhia fez R$ 18 bilhões de GMV no ano passado. Dividindo esse número pelos R$ 87 bi de faturamento do mercado, a Via já teria um share de 21%. Esses números, no entanto, excluem o Mercado Livre, que também não reporta seus dados para o Ebit.
Durma-se com um barulho desses.
Apesar da complexidade dos dados, a declaração do Ebit parece vir ao encontro de declarações do management da Via, que disse no call do primeiro trimestre que a companhia tem ganho share de maneira consistente ao longo do último ano.