A FAMA Investimentos acaba de lançar um fundo ativista focado em questões climáticas.
Ao contrário da atuação de seu fundo de ações, que procura as empresas com as melhores práticas ESG, a gestora vai atrás das companhias “mais irresponsáveis” na questão climática, segundo o fundador Fabio Alperowitch.
Entre os setores analisados estão o agronegócio, mineração e varejo.
A ideia é realizar um turnaround climático nas empresas por meio de três pilares: ciência, finanças sustentáveis e stewardship, que é a supervisão das ações da empresa investida. A FAMA não tem interesse em atuar na gestão das companhias.
Na visão de Alperowitch, as mudanças que o fundo fará nas empresas serão determinantes para que o valor percebido nelas aumente e elas negociem a múltiplos mais elevados – garantindo o retorno do fundo.
Para a parte científica, a FAMA vai contar com o climatologista Carlos Nobre, único brasileiro membro da Royal Society, a academia científica mais antiga do mundo.
Já para o relacionamento com as empresas, a gestora recrutou a advogada Caroline Prolo, fundadora da organização LaClima. Ela será responsável por manter o contato com as companhias a fim de melhorar as práticas ESG.
Segundo Alperowitch, o fundo já está em processo de captação. “Temos conversas para projetar que o fundo comece em R$ 2 bilhões. Pode ser mais ou menos, mas é uma sinalização”, diz ele.
Além do fundo, a FAMA firmou uma parceria com a securitizadora Grupo Gaia, focada em impacto e com mais de R$ 20 bilhões em operações financeiras. O foco será em crédito, mas Alperowitch diz que os termos ainda não estão fechados.
A FAMA também criou um conselho consultivo independente formado por Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa, uma ONG focada em políticas climáticas; o ex-banqueiro Jair Ribeiro, fundador da Parceiras da Educação; e Renato Meirelles, fundador e presidente do Instituto Locomotiva.
“Ainda teremos uma mulher, expoente nos assuntos de diversidade e inclusão e forte presença no terceiro setor”, diz Alperowitch.
A investida da FAMA acontece em um momento em que os fundos ESG perdem mais dinheiro que a média do mercado. Alperowitch, no entanto, continua focado no longo prazo.
“Estamos em um momento complicado para as empresas ESG, mas é muito mais conjuntural,” diz. “Mas eu vejo isso como uma oportunidade de comprar empresas de altíssima qualidade e a múltiplos comprimidos.”