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Acordei hoje muito preocupado com Nova York.
Pensei: “No que a cidade se transformou para que um socialista declarado, que apoiou cortar o funding da polícia, cuja solução para baixar os preços dos alimentos está em criar supermercados estatais, que não entende que o controle dos aluguéis só reduziria a oferta de moradias, que não tem experiência em gerenciar uma organização — muito menos uma cidade com um orçamento de mais de US$ 100 bilhões e uma economia de US$ 2 trilhões — e que acredita que os refrões de ‘Globalizar a Intifada’ são aceitáveis, seja o vencedor da primária Democrata?”
Depois de conversar com pessoas que apoiaram Zohran Mamdani, acredito que ele venceu a primária em grande parte não devido às suas políticas, mas sim porque ele é um excelente político que conduziu uma campanha marcante e inspiradora. Ele é inteligente e eloquente. É jovem e carismático, e conseguiu minimizar publicações e tweets de seu passado que o incriminavam, apresentando uma alegre campanha pela união.
E ele venceu porque a concorrência era muito fraca. Seu principal concorrente ficou parado e não fez uma campanha de verdade, confiando no recall do seu nome, nas pesquisas iniciais favoráveis, e em manter um perfil discreto para seguir em frente. Essa não é uma estratégia que eu já tenha visto funcionar, mas que seja.
O eleitor das primárias Democratas está claramente cansado da política Democrata do passado e de sua liderança envelhecida e ultrapassada — Quem não está? [Falando no assunto, quão embaraçoso é ver os Democratas mais velhos batendo continência com tweets de apoio a Mamdani, enquanto tentam desesperadamente defender seus mandatos do avanço da extrema esquerda?]
Portanto, sem nenhuma competição de fato, Zohran e suas atraentes qualidades pessoais e habilidades de campanha o tornam, em um passe de mágica, o candidato do futuro.
O problema, no entanto, é que suas políticas seriam desastrosas para Nova York.
O socialismo não tem lugar na capital econômica do nosso país. A capacidade de Nova York de oferecer serviços para os mais pobres e necessitados, e mesmo para o nova-iorquino médio, depende inteiramente de a cidade ser um ambiente favorável aos negócios, e um local onde os moradores ricos estejam dispostos a passar 183 dias e assumir a carga tributária associada a isso. Infelizmente, ambos já estão planejando ir embora.
Mamdani está certo quando diz que muita coisa em Nova York está quebrada. A cidade se tornou muito menos segura, enquanto o custo de vida aqui se tornou cada vez mais inatingível para muitos. Pagamos mais por menos.
Infelizmente, as principais promessas de campanha de Mamdani – como o congelamento dos aluguéis e alimentos mais baratos oferecidos por mercados de propriedade do município, entre outras – certamente vão fracassar.
Um prefeito que desrespeita o Departamento de Polícia de Nova York e que defendeu cortar seu financiamento vai se refletir em uma atuação policial menos eficaz, e a “teoria das janelas quebradas” de [William] Bratton, [o ex-comissário do NYPD], vai funcionar ao contrário. Um prefeito que tolera o discurso de ódio vai incentivar mais discurso de ódio e violência. As palavras importam, e sim, elas podem inspirar pessoas a matar, como recentemente vimos de forma trágica em nosso país e ao redor do mundo.
A Nova York governada por Mamdani está prestes a se tornar muito mais perigosa e economicamente inviável. Ao contrário do nosso governo federal, Nova York não pode imprimir dinheiro, e este Governo Federal não vai socorrer Nova York se as coisas piorarem.
Na verdade, Mamdani seria uma mina de ouro para o Partido Republicano, pois Nova York se tornaria mais uma grande cidade fracassada administrada por Democratas, ao lado de Seattle, Chicago, Los Angeles e São Francisco. Como o Senador [John] Fetterman declarou hoje de forma muito eloquente: “Eu diria que [uma vitória de Mamdani] é como o Natal chegando em julho para o Partido Republicano.”
Então, por que fiquei otimista com o passar das horas?
A resposta é que Nova York acordou nas últimas 24 horas. A maioria substancial dos moradores de Nova York entende que o socialismo é um sistema falido, que o congelamento de aluguéis vai destruir nossa base habitacional e reduzir a oferta de moradias acessíveis, ao mesmo tempo em que vai acabar com as novas construções, e que um prefeito anticapitalista vai destruir empregos e fazer com que empresas e contribuintes ricos, que fizeram Nova York equilibrar seu orçamento, se mudem para outro lugar.
Se 100 dos maiores contribuintes do setor financeiro resolverem passar 183 dias do ano em outro lugar, isso reduziria as receitas fiscais do estado e da cidade de Nova York em torno de 5 a 10 bilhões de dólares, ou mais, e isso apenas no meu setor. Igual quando Ken Griffin mudou sua empresa de Chicago para Miami – mas em uma versão potencializada.
A boa notícia é que há outros políticos carismáticos, inteligentes, articulados, atraentes, charmosos, jovens, mas mais experientes e, o que é importante, mais centristas, que são moradores de Nova York e elegíveis para o cargo.
Há também membros extremamente talentosos da comunidade empresarial de Nova York que poderiam ser excelentes prefeitos, com o prefeito Michael Bloomberg sendo o padrão de referência.
E o cenário é extremamente atraente para uma candidatura a prefeito. Faltam apenas 132 dias para a eleição, o que significa que o comprometimento de tempo para a campanha é o menor possível.
Esta será a eleição para prefeito mais observada em Nova York em décadas, talvez de todos os tempos, o que, particularmente na era das mídias sociais e dos podcasts, cria a oportunidade para um novo candidato obter reconhecimento imediato, enorme interesse da mídia e a visibilidade necessária para ser eleito.
É importante dizer que há centenas de milhões de dólares em capital disponíveis para apoiar um concorrente de Mamdani, que podem ser levantados da noite para o dia (acredite, estou nas correntes de mensagens e grupos de WhatsApp), de modo que um ótimo candidato alternativo não gastará tempo algum levantando fundos.
Assim, caso o candidato certo se apresente amanhã, os fundos para financiá-lo vão jorrar. Tenho certeza de que Mike Bloomberg vai compartilhar seu conhecimento privado sobre “como ganhar a prefeitura” e entregar todo o seu aparato e sistema eleitoral ao candidato aspirante, para que este possa concentrar toda a sua energia na campanha.
Um fato lamentável, pelo que entendi, é que o candidato terá que ser um “write-in” – ter o nome escrito na cédula – pois acredito que nenhum dos candidatos atuais definiu um comitê de nomeação caso se retirassem da disputa, o que significa que ninguém poderia ocupar seu lugar na cédula.
No entanto, esta é uma eleição tão importante que acredito que essa exigência de escrever um nome poderia, na verdade, se transformar em um importante apelo à ação que levará as pessoas em massa às urnas. Portanto, não será o obstáculo que normalmente seria em uma eleição comum.
Como resultado, a relação entre risco e retorno de concorrer a prefeito nos próximos 132 dias é extremamente atraente, pois o custo de tempo e energia é pequeno, e o potencial de ganho é enorme.
Se o candidato não vencer, não há qualquer dano ou prejuízo, porque a chance percebida de derrotar o Democrata escolhido numa eleição para prefeito de Nova York é extremamente pequena. Portanto, não há risco de reputação em se perder esta eleição, e os benefícios correspondentes são extraordinários, quer se ganhe ou se perca.
Se o candidato vencer, seria obviamente um grande feito para a cidade e para o candidato, mas também uma oportunidade de salvar o Partido Democrata de si mesmo, assumindo o controle pouco antes que o partido se aproxime ainda mais do abismo. O novo prefeito seria um super-herói nacional para a cidade, para o partido e para o país.
Para o político aspirante, não há melhor maneira de obter reconhecimento de nome, construir relacionamentos com doadores de longo prazo e se apresentar, do que concorrer a prefeito nos próximos 132 dias.
Esta eleição já é notícia de primeira página em todo o mundo. Para o jovem candidato aspirante, a quantidade de publicidade e os milhões de seguidores a serem conquistados têm um valor de longo prazo incalculável, quer ganhem ou percam, e o que quer que escolham fazer no futuro, seja nos negócios, na política ou em outras áreas.
E há uma razão defensiva para um político concorrer. Para o político Democrata mais centrista, uma vitória de Mamdani é muito ruim para sua próxima eleição. À medida que o partido se inclina ainda mais para a esquerda, o apoio à sua futura candidatura se deteriora substancialmente à medida que Mamdani e Ocasio-Cortez assumem o controle do partido.
Pela minha experiência, oportunidades com potencial mínimo de perda – que não exigem grandes investimentos de tempo mas oferecem um enorme potencial de ganho – devem ser aproveitadas. Se você alguma vez pensou em concorrer a um cargo, ou concorrer a um cargo acima do que ocupa atualmente, esta é provavelmente a melhor oportunidade que você terá.
Tudo o que foi dito acima não é apenas teoria, pois tenho um candidato excelente, que acredito ser capaz de vencer e que atende a todos os critérios, mas se eu dissesse seu nome ou mesmo o procurasse teria um efeito negativo em sua candidatura, pois sou apoiador do Presidente Trump, e isso por si só mancha qualquer pessoa recomendada por mim para muitos, e talvez para a maioria, dos membros do Partido Democrata de Nova York.
Então, em vez de fazer sugestões, dou as boas-vindas às suas ideias. Quem é o seu melhor candidato centrista capaz de enfrentar Mamdani na campanha e no palco do debate? Vamos fazer um crowdsourcing dos nomes e depois uma pesquisa.
Se alguém estiver pronto para levantar a mão e se apresentar, serei responsável pela arrecadação de fundos.
Esta é uma oportunidade única na vida para o candidato certo. Mais importante ainda, é uma oportunidade para salvar nossa cidade e tornar-se um super-herói. A vida é curta e você deve ousar ser grande.
Este texto foi publicado originalmente no X, e sofreu pequenas edições do Brazil Journal.