Como todos sabem, minha família passou por momentos difíceis recentemente quando meu pai, Fausto Silva, precisou de um transplante de coração.
Uma situação assim, com alguém tão próximo, faz você olhar com mais profundidade aquelas circunstâncias, e aprender com sua dor e a dor do outro.
Tentando transformar o nosso “susto” – e a angústia de tantas outras famílias – em uma oportunidade de avançarmos como País, minha família e eu estamos engajados em mudar a legislação sobre a doação de órgãos no Brasil.
Apoiamos a aprovação do projeto de lei 1774/2023, que tramita no Congresso e ajudaria a reduzir substancialmente o tempo de espera de transplantes.
O PL institui a ‘doação presumida’ – que garante a autorização da doação de tecidos, órgãos ou partes do corpo humano para transplantes ou outra finalidade terapêutica, salvo manifestação contrária do indivíduo.
A doação presumida nos parece consistente com os valores de generosidade e altruísmo do povo brasileiro – a mesma generosidade demonstrada pela família de Fabio Cordeiro da Silva, cujo coração hoje bate no peito de meu pai.
O País manteve seus programas de transplantes durante a pandemia, mas o número caiu em cerca de 40%. De janeiro a julho de 2019, foram realizados 15.827 transplantes; no mesmo período de 2020, apenas 9.952. Atualmente, mais de 41 mil pessoas aguardam na fila o transplante de algum órgão no Brasil – e esta fila existe por conta da falta de doadores.
Não é possível abraçar todas as causas ao mesmo tempo, mas este tema mudou a perspectiva da nossa família.
Da mesma maneira como o apresentador Marcos Mion se tornou um porta-voz na luta de conscientização sobre o autismo, nós da família Silva também estamos aprendendo e ouvindo especialistas para, de maneira muito didática, ajudarmos a disseminar as informações corretas.
É necessário que haja tempo para discussão, a fim de amadurecer o tema. Uma figura pública ajuda a jogar luz na discussão, mas a decisão final é dos representantes eleitos.
O projeto de lei é de autoria dos deputados Mauricio Carvalho (União/RO) e Fernando Marangoni (União/SP), ambos bastante atuantes no Congresso.
Os parlamentares se juntaram, e nós estamos trabalhando para que mais pessoas tomem conhecimento da situação, dando maior visibilidade ao tema e sensibilizando a opinião pública.
Outra lei importantíssima que está já no Senado é a Lei Tatiana, que prevê uma maior conscientização sobre o tema, com a inserção de conteúdo nas escolas e universidades. Resta apenas o relator, Senador Humberto Costa, colocar em pauta para ser votado.
Uma coisa é certa. Todo projeto que trouxer luz para este assunto será ouvido pela nossa família. A causa da doação não está ligada à política ou a partidos; ela paira acima de qualquer tipo de polarização.
Ela é – apenas e graças a Deus – uma pauta a favor da vida.
João Silva é filho do Faustão.