Um grupo relevante de acionistas da Omega Geração continua descontente com os termos ajustados da proposta de incorporação da Omega D, a empresa-irmã de desenvolvimento de projetos.
As gestoras abrdn (anteriormente conhecida como Aberdeen), Compass, Icatu Vanguarda, IP, Larus, Oceana, Squadra, Truxt e Verde — que juntas detêm 28,6% da companhia — enviaram uma carta ao conselho de administração da Omega informando que só pretendem aprovar o negócio se os acionistas da Omega G ficarem com 83,09% da nova empresa, a Omega Energia.
Pela proposta atual, os acionistas da Omega G ficam com 80% da Omega E e os da Omega D, com 20%.
Estas participações já são um incremento em relação à primeira proposta, que falava em 73,5-26,5% e foi revisada após questionamento dos minoritários.
As duas Omegas têm os mesmos controladores: a Tarpon e um grupo de executivos e fundadores. Considerando que os controladores — que têm cerca de 37% da Omega G — não votarão na assembleia que examinará a incorporação, esse grupo de minoritários tem poder para vetar a operação.
O conselho da Omega G respondeu que vai repassar a carta aos acionistas da Omega D, e destacou que o poder dado aos minoritários de vetar a operação vem associado à “responsabilidade dos mesmos em colocarem os interesses da Omega Geração em primeiro lugar, avaliando méritos estratégicos, econômicos, oportunidades e riscos associados,” o conselho disse em comunicado.
Na carta, os minoritários dizem que a combinação de negócios é uma das alternativas estratégicas para a Omega G “desde que realizada de maneira equitativa.”
Na avaliação dos minoritários, a relação de troca atual “falha” em capturar o valor correto da OG. A ação está sendo avaliada a R$ 40 na transação. Em janeiro, a companhia havia feito um follow-on a R$ 39, mostrando estudos que sugeriam um imenso potencial de geração de valor — e isso, com as duas empresas separadas.
A proposta, dizem, também não precifica adequadamente os desafios que surgirão com a incorporação da OD e seu portfólio de projetos, que inclui a construção de usinas greenfield.
Desde a divulgação da incorporação, os acionistas também questionam a falta de informações sobre os projetos mais incipientes da Omega D (early– e mid-stage).
Os minoritários também reclamam que a proposta ignora as potenciais restrições de funding desses projetos no cronograma proposto. A combinação de negócios poderia implicar, segundo eles, uma “diluição dupla” para os atuais acionistas da OG, que se veria obrigada a emitir novas ações no mercado para colocar os projetos de pé.
As duas Omegas sempre trabalharam juntas; a Omega G fica com os projetos da Omega D depois que eles já estão prontos. Muitos dos acionistas acham que não seria problema as duas empresas continuarem funcionando dessa maneira, sem que a Omega G corra os riscos desconhecidos de projetos, mesmo que isso signifique retornos menores.
A assembleia que vai examinar a operação será em 28 de outubro.
Os maiores do grupo são a Squadra, com 5,48%, e Verde, com 5,13% da companhia.