A Klabin levantou R$ 300 milhões com a venda de uma participação minoritária numa SPE recém-criada, na qual a companhia alocou 15 mil hectares de terras.
A venda foi feita para um investidor financeiro cujo nome não foi revelado. O investidor comprou 25% desta SPE, que vai arrendar as terras para a própria Klabin, com a venda e o arrendamento saindo a “valores de mercado,” uma fonte próxima à empresa disse ao Brazil Journal.
A transação faz parte da estratégia da Klabin de rebalancear sua estrutura de capital após a aquisição de terras e madeiras da Arauco em dezembro de 2023, que custou à companhia R$ 6 bilhões.
Na época, a Klabin já havia sinalizado que buscaria parcerias para reduzir sua alavancagem e turbinar o retorno da transação.
De lá para cá, a empresa já havia feito duas grandes operações com este objetivo. A primeira, em outubro de 2024, foi a venda de terras para uma TIMO (timber investment management organization) por R$ 2,7 bilhões. A segunda, em agosto deste ano, foi no mesmo modelo da operação de hoje, mas injetou R$ 600 milhões no caixa da companhia.
Como parte da transação de hoje, a Klabin terá uma call option contra o investidor, que lhe permite recomprar os 25% numa janela que vai do quarto ano pós-transação até o décimo quinto ano. A recompra sairia no mesmo valor da transação de hoje, corrigido por uma taxa prefixada que é um desconto em relação à NTN-B de 15 anos.
“Olhando só o custo do capital, a transação já seria boa para a Klabin. Mas tem uma cereja no bolo: essa SPE opera no lucro presumido, enquanto a Klabin opera no lucro real, então teria um benefício fiscal,” disse a fonte próxima à companhia.
Pela visão do investidor, a transação faz sentido por alguns motivos. Além do risco ser muito baixo, por envolver terras e um contrato com uma empresa triple-A, o investidor também pode ter um benefício tributário.
Segundo a fonte, esse tipo de transação faz sentido para empresas com uma base tributária alta e um lucro recorrente também muito alto (leia-se os bancos, que fazem o investimento com seu balanço proprietário).
“Se as condições macro acontecerem dentro da normalidade, o mais provável é que a call fique ‘dentro do dinheiro’ e que a Klabin tenha um incentivo econômico para exercer essa call,” disse a fonte. “Se isso acontecer, a recompra sairia a um valor menor que o valor da terra, o que geraria um prejuízo contábil, que o investidor poderia deduzir do seu IR.”
Do ponto de vista de alavancagem, a transação de hoje tem um impacto marginal para a Klabin, já que cada R$ 800 milhões de caixa novo representam uma redução de apenas 0,1 ponto na alavancagem.
A Klabin fechou o segundo tri com uma alavancagem de 3,7x EBITDA. A companhia vale R$ 22 bilhões na Bolsa, com a ação caindo 14% nos últimos doze meses. No final da manhã de hoje, o papel sobe 0,7%.