A BR Partners acaba de listar sua ação na Nasdaq, num movimento que busca facilitar a entrada de gestores internacionais no cap table e reduzir seu desconto de múltiplo. 

O management da empresa — liderado pelo CEO Ricardo Lacerda — tocou o sino de fechamento do pregão da Nasdaq agora há pouco.

A listagem primária do banco vai continuar na B3, enquanto os ADRs — os recibos que representam as ações – negociam na Bolsa americana a partir de amanhã com o ticker BRBI.

Ricardo LacerdaA listagem vem ao final de um roadshow de onze dias que o banco fez nos Estados Unidos e Canadá. Numa mudança de estratégia, em vez de focar no buyside brasileiro ou em fundos focados em large caps, o banco foi atrás de fundos de small caps globais e de emerging markets, e conversou com mais de 20 gestoras em Miami, Boston, Salt Lake City, Nova York e Montreal. 

“O que nos surpreendeu foi o nível de engajamento e commitment dos fundos com que falamos,” Vinicius Carmona, o diretor de RI da BR Partners, disse ao Brazil Journal

“Estamos acostumados a falar com fundos que muitas vezes só investem em large caps e que acabam falando conosco para ter uma visão de Brasil. Dessa vez, os gestores estavam com os modelos prontos em mãos, com relatórios de research e perguntas muito específicas sobre o nosso negócio.”

Outro ponto que chamou a atenção nas conversas é que, diferente dos analistas brasileiros,  esses fundos estavam menos interessados no ROE e mais no crescimento do top line. “A visão deles é que somos uma empresa que ainda não é madura, então não faz tanto sentido focar só na rentabilidade,” disse Carmona. 

O roadshow pré-listagem faz parte de um esforço maior da BR Partners para atrair investidores estrangeiros. Nos últimos meses, a companhia já vinha conversando com esses fundos — e colheu alguns resultados. 

Dois fundos americanos de small caps já começaram a montar posição na empresa, com um deles chegando a 3% do capital e o outro a cerca de 1%. 

No total, os investidores estrangeiros respondem hoje por cerca de 20% do free float da companhia, que é de 45% do capital. Há dois anos, eram apenas 1%. 

Segundo Carmona, o objetivo é que até o final do ano que vem os 20% subam para entre 30% a 40%. “Para isso, vamos participar menos de conferências de bancos e fazer mais non-deal roadshows focados nesses fundos globais de small caps,” disse ele.

No último mês, a ação da BR Partners já subiu 18% pela expectativa da listagem e a entrada de novos investidores. 

Ainda assim, a empresa continua negociando com um desconto relevante em relação a seus peers internacionais. A BR Partners negocia hoje a 10x o lucro estimado para 2025, enquanto bancos de investimento americanos como o Evercore e o PJT negociam entre 15x e 25x. 

A companhia fechou o dia valendo R$ 1,88 bilhão na B3.