A Sabesp acaba de reportar um segundo trimestre com números acima do consenso, com a gigante do saneamento começando a colher os frutos das mudanças implementadas pós-privatização.
O papel abriu em alta de mais de 5%.
O EBITDA de R$ 3,4 bilhões (excluindo efeitos positivos não-recorrentes) foi uma alta de 15% ano contra ano e 10% acima do consenso de R$ 3,1 bilhões.
A alta do EBITDA foi impulsionada por um bom crescimento de volumes, redução de descontos e forte controle de custos.
Os volumes faturados cresceram 1,8% ano contra ano, “o que, apesar de ser um ‘miss’ para a nossa estimativa de 2,6%, deve ser bem recebido pelo mercado, especialmente depois de concessões vizinhas reportarem volumes negativos,” escreveu o Citi.
O banco destacou ainda que o top line foi ajudado pela retirada de diversos descontos que eram dados aos grandes consumidores. Por outro lado, houve um aumento dos clientes dentro das tarifas sociais, que dobraram em um ano para 5 milhões, o que gerou um impacto negativo temporário.
A receita líquida cresceu 3%, para R$ 5,6 bilhões, e veio em linha com o consenso.
O CFO Daniel Szlak disse ao Brazil Journal que a receita foi beneficiada em R$ 190 milhões pelas revisões tarifárias feitas no ano passado e em R$ 111 milhões pela redução dos descontos para grandes clientes. Por outro lado, o aumento das tarifas sociais gerou um impacto negativo de R$ 138 milhões.
Além do ganho de 1,8% de volume faturado, a companhia também teve um ganho de volume pelas novas ligações que fez, de mais 2%. O CFO disse que desde a privatização a Sabesp passou a atender mais 1,3 milhão de pessoas no fornecimento de água e 1,4 milhão no esgotamento.
No lado dos custos, a Sabesp surpreendeu os analistas.
No BTG, Antonio Junqueira disse que os “custos com pessoal, serviços, materiais e energia todos vieram melhores do que o esperado, mostrando que os esforços de controle de custos da companhia têm surtido efeitos positivos.”
Enquanto o banco projetava R$ 2,45 bilhões de custos e despesas, a Sabesp entregou R$ 2,23 bilhões. (No trimestre, a Sabesp teve um efeito não-recorrente de reversão de provisões legais, que já está ajustado nos números.)
Os custos com pessoal, serviços, materiais e energia (PMSO) caíram 13% ano contra ano, com destaque para as despesas com materiais — que caíram 40% para R$ 125 milhões.
As despesas com serviços caíram 8%, para R$ 610 milhões, enquanto as despesas com pessoal caíram 10%, em grande parte por conta da redução do headcount pelo plano de demissão voluntária que a Sabesp implantou ao longo do semestre.
Já os custos com energia subiram 3,7%, ano contra ano, abaixo da inflação do período.
No bottom line, a Sabesp também superou o consenso. A companhia entregou um lucro líquido ajustado de R$ 1,8 bilhão, quase 40% acima do consenso de R$ 1,3 bilhão.
A companhia também avançou em sua agenda de investimento, o principal desafio da gestão para os próximos anos, dadas as metas agressivas de universalização.
A Sabesp investiu R$ 3,6 bilhões no tri, 26% a mais que no primeiro tri e 3x mais que no mesmo período do ano passado.
Segundo o CFO, a companhia já atingiu 111% da meta de universalização de água para o final do ano, 89% na coleta de esgoto e 51% no tratamento.