O Walgreens está negociando sua venda para a gestora de private equity Sycamore Partners — numa transação que tiraria a gigante das farmácias da Bolsa num momento em que sua ação negocia perto da mínima histórica.
A notícia foi dada em primeira mão pelo The Wall Street Journal, citando fontes a par do assunto. O Journal disse que a expectativa é que a transação seja concluída até o início do ano que vem, ainda que não haja nenhuma garantia de que ela vá para frente.
A notícia fez a ação do Walgreens disparar 23% na Bolsa de Nova York, com a companhia ganhando quase US$ 1,5 bilhão de market cap.
O Walgreens passa por um momento desafiador nos últimos anos, com seu market cap caindo do pico de US$ 100 bilhões em 2015 para os US$ 9,4 bilhões de hoje (já considerando a alta do dia).
Só neste ano, o papel caia mais de 70% antes da notícia da potencial transação.
Fundado em 1901 em Chicago, o Walgreens é a segunda maior rede de farmácias dos Estados Unidos, atrás apenas da CVS Health. A companhia opera cerca de 12 mil lojas no país, na América Latina e na Europa.
Para efeito de comparação, a RD — dona da Raia e Drogasil — tem pouco mais de 3,1 mil lojas no Brasil.
Um dos movimentos mais ousados do Walgreens foi a compra da farmacêutica europeia Alliance Boots em 2012. Na época, o Walgreens pagou US$ 6 bilhões por quase metade da companhia e comprou o restante três anos depois.
O deal se provou mais complexo do a companhia imaginava e nunca trouxe os resultados esperados.
O WSJ nota que o mercado de farmácias tem sido um negócio difícil nos últimos anos. Tanto o Walgreens quanto a CVS tem visto uma estagnação em suas margens no negócio de distribuição de medicamentos com prescrição, enquanto as vendas dos produtos de varejo nas lojas tem sido pressionada pela Amazon e outros ecommerces.
Enquanto a CVS diversificou seu negócio com uma operadora de saúde e um negócio de gestão de benefícios de farmácias, o Walgreens se manteve essencialmente como uma rede de drogarias.
O CEO do Walgreens, Tim Wentworth, que assumiu a posição há pouco mais de um tempo, tem tentado fazer um turnaround na operação. A companhia anunciou um plano para fechar diversas lojas com performance fraca e diminuir sua atuação no mercado de atendimento primária, que entrou com a compra de uma participação minoritária na VillageMD em 2019.
Por enquanto, no entanto, os resultados ainda não começaram a aparecer.
Para o Sycamore — uma gestora especializada em varejo e consumo — a compra do Walgreens seria uma transação emblemática e uma das maiores de sua história.
Até agora, a principal transação da gestora foi a compra da varejista de materiais de escritório Staples por US$ 7 bilhões em 2017. A gestora também estava entre os interessados na compra da Kohl’s em 2022 e, em setembro, comprou a rede de restaurantes Playa Bowls numa transação pequena.
A Sycamore também é investidora de algumas marcas de roupa como a Hot Topic, Ann Taylor e Chico’s.
Não está claro se a Sycamore estaria disposta a pagar um prêmio pelo Walgreens em relação a seu valor de mercado atual — ainda que a reação do mercado hoje mostre que os investidores estão esperando que sim.