O mercado de alimentos está mesmo apimentado: a Reckitt Benckiser vendeu hoje a sua unidade de alimentos para a americana McCormick por impressionantes US$ 4,2 bilhões.
Quando a transação foi anunciada no começo do ano, especulava-se que o negócio sairia por cerca de US$ 2,6 bilhões.
A joia da coroa da divisão de alimentos da Reckitt é a mostarda French’s, dona de uma liderança folgada de 60% do mercado nos Estados Unidos – e que vinha travando uma batalha com a Heinz, que detém a mesma fatia em ketchups.
Nos últimos anos, a Heinz relançou sua linha de mostardas e fez uma campanha de marketing agressiva para entrar no território da rival. A French’s, por sua vez, decidiu investir em ketchups.
Milhões gastos depois, nada mudou e todo mundo seguiu mais ou menos com o mesmo market share de antes.
Apesar de aparentemente estratégico, o processo de venda aberto pela Reckitt Beckinser não fez a Heinz salivar. A divisão alimentar da Reckitt cresce a taxas expressivas, mas já tem margens altas, sem muito espaço para a 3G Capital seguir o playbook de corte de custos.
A eficiência que espanta a 3G é a mesma que atraiu empresas com perfil menos agressivo. Segundo o Financial Times, a concorrência foi forte. A Unilever chegou a avaliar o negócio, mas acabou não fazendo oferta.
A transação foi uma boa notícia para a Reckitt, que precisava digerir a aquisição da fabricante de papinhas e fórmulas infantis Mead Johnson, feita no ano passado por US$ 16,6 bilhões.
No mercado, a transação foi considerada cara: as ações da Reckitt subiram 1,5% em Londres, enquanto as da McCormick despencaram 5,2% em Nova York em meio a um volume monstruoso.