Enfrentando fuga de clientes e sangria de capital, o Credit Suisse anunciou um plano de reestruturação para sair de negócios problemáticos e se concentrar em sua franquia mais valiosa: o private banking. 

O banco reportou hoje um terceiro trimestre ainda pior do que o esperado pelo mercado. O CS perdeu US$ 4,06 bilhões. Foi o terceiro trimestre seguido de prejuízo.

A ação do banco, que já estava em sua mínima histórica, chegou a cair quase 20% ao longo do dia na Bolsa de Zurique. 

O banco disse que vai levantar US$ 4 bilhões para reorganizar seu negócio. O Saudi National Bank, controlado pelo governo saudita e que já é um dos maiores acionistas do CS, vai colocar US$ 1,5 bilhão e ficará com 9,9% do banco.

Ao mesmo tempo, o CS está trabalhando na venda de ativos agora considerados ‘não estratégicos’ para reforçar seu capital, que agora caiu para níveis próximos dos mínimos exigidos pelos reguladores.

Um consórcio da Apollo Global Management e da Pimco, ao lado de outros fundos, deve adquirir a maior parte de produtos securitizados na carteira do banco suíço. 

Como parte da reestruturação, o CS disse que vai cortar 5% de sua força de trabalho até o fim do ano, com o fechamento de 2.700 vagas em todo o mundo. Ao todo, o número de executivos e colaboradores deve cair para 43.000 pessoas até 2025, com o enxugamento de 9.000 vagas.

O banco planeja renomear seu banco de investimento “CS First Boston”, trazendo de volta uma marca que fez história em Wall Street. Um spinoff da operação é uma possibilidade.

Na apresentação do plano, não foram apresentados detalhes sobre as operações no Brasil, onde o banco é um dos líderes em private banking. Mas durante o call com analistas e imprensa, um executivo disse que a América Latina é “absolutely core” para o futuro do banco – e, na região, a unidade mais relevante é a brasileira. O CEO do Brasil, Marcello Chilov, é também o CEO para América Latina. 

Pelos dados da Anbima, o CS fica atrás apenas de Itaú e BTG em private banking no Brasil, com cerca de RS$ 100 bilhões sob gestão. Nesse número não entram os ativos de brasileiros em contas no exterior nem os recursos sob custódia, dinheiro dos clientes alocados em fundos de outros gestores.