A Visa deu início a conversas com sua base de acionistas para uma reorganização de sua complexa estrutura societária que envolve três classes de ações – uma herança da época do IPO.

As ações que estão no free float são as ‘Classe A’. Os papéis ‘Classe B’ estão nas mãos de instituições financeiras dos EUA; finalmente, as ações ‘Classe C’ estão com bancos estrangeiros. Coletivamente, os detentores das Classe B e C eram os controladores da Visa antes do IPO em 2008. 

A Visa pretende permitir que os detentores de ações ‘Classe B’ vendam parte de seus papeis, que foram criados para proteger os novos acionistas de possíveis prejuízos causados por disputas judiciais anteriores ao IPO. 

A regra atual – que a Visa quer mudar – diz que os bancos detentores das ‘Classe B’ só podem se desfazer dos papéis quando todas as disputas judiciais pré-IPO tiverem terminado. 

Mas hoje, com 90% dos processos daquele período já liquidados, a Visa pretende planeja permitir uma conversão escalonada de até metade desses papéis.

Levando em conta as decisões judiciais recentes, a empresa afirma que o custo das disputas em aberto deve ficar entre US$ 1,4 bilhões e US$ 4 bilhões, e a empresa ainda tem em seu balanço uma reserva de US$ 1,6 bilhão para honrar litígios. 

Somadas, as ‘Classe B’ valem hoje US$ 96 bilhões, uma alta expressiva em relação aos US$ 8 bilhões que valiam na data do IPO. Já o valor de tela das ‘Classe A’ supera US$ 500 bilhões. 

A Visa argumenta que a reorganização será vantajosa para todos os acionistas, porque vai mitigar os riscos e as incertezas relativas à diluição do capital ao colocar esses papéis no mercado de maneira previsível e gradual. 

A empresa está propondo que até 50% das ações ‘Classe B’ sejam convertidas em ‘Classe C’ e depois, eventualmente, em ‘Classe A’, passando a ser negociadas livremente. 

Seus detentores poderiam vender até um terço das ações 45 dias e dois terços em até 90 dias após a troca. Depois disso, o lockup termina, e todos os papéis convertidos ficarão livres para negociação.

A outra metade das ‘Classe B’ seria convertida em uma nova classe, a B-2, que teria os mesmos direitos e deveres da B original, mas o dobro da obrigação de cobrir futuras perdas judiciais – de forma a manter intacta a liability dos acionistas originais.

Com relação aos papéis ‘Classe C,’ não há restrições para conversão. Há 9,5 milhões delas ainda não convertidas, que, pela taxa atual de troca, equivalem a 38 milhões de ações ‘Classe A.’

Os acionistas da Visa terão que aprovar a proposta numa assembleia.

Trevor William, analista da Jefferies, calcula que o volume diário do papel deve subir de US$ 1 bilhão para US$ 1,35 bilhão depois das conversões e do fim dos lockups.

“No curto prazo, antecipamos que os investidores vão ficar um pouco nervosos com a perspectiva de pressão na oferta,” escreveu William, segundo a Barron’s.

Mas a diluição ocorrerá de qualquer maneira, cedo ou tarde. 

As ações encerraram o dia de ontem – o primeiro depois do anúncio – com queda de 2,6%, o segundo pior desempenho no dia entre as empresas do S&P 500. No final da manhã de hoje, os papéis sobem 0,4%. Nos últimos 12 meses, a alta é de 24%.