A Aura Minerals acaba de publicar seu ‘guidance’ para os próximos quatro anos — detalhando como pretende aumentar sua produção de ouro em até 140%, com possível ganho de margem.

A mineradora de ouro e cobre — que fez seu re-IPO no Brasil em julho e se valorizou 6% desde então — disse que espera produzir entre 250 e 295 mil onças neste ano, um aumento de 25% a 40% em relação à produção atual, de cerca de 200 mil onças. Para 2022, o guidance é de 285 a 335 mil onças e, para 2024, entre 400-480 mil.

O crescimento virá de algumas frentes. 

A primeira é a entrada em operação da jazida de Alma, em Tocantins, que deve começar a funcionar em julho do ano que vem e adicionar até 35 mil onças/ano quando estiver 100% operacional. 

A segunda é a extração de um ouro de “altíssimo” teor descoberto na mina de Ernesto, que fica dentro do complexo de EPP, no Mato Grosso. 

“Passamos dois anos comprovando a viabilidade da extração e no quarto trimestre do ano passado já conseguimos extrair uma parte,” o CEO Rodrigo Barbosa disse ao Brazil Journal. “Mas esse é um ouro que está muito profundo, então vamos ter que passar mais 19 meses perfurando para extrair o restante.” 

A mina de Ernesto já tem 18 a 20 mil onças de ‘reservas’ de ouro comprovadas, segundo Rodrigo. 

A Aura também planeja expandir em mais 70% a mina de Aranzazu, no México (que já passou por uma expansão de 30% nos últimos meses); dobrar a capacidade da Gold Road, nos EUA, que acaba de entrar em operação; bem como colocar a jazida de Matupá, que tem ‘recursos’ de 350 mil onças, em operação.

Os três projetos, no entanto, embutem um risco bem maior: a Aura ainda precisa fazer as perfurações e todos os estudos geotécnicos necessários para provar que a extração do ouro é economicamente viável.  

O guidance não inclui eventuais M&As — que estão no radar da empresa.  

Segundo o CEO, as expansões aceleradas e o preço do ouro num patamar alto fizeram com que a Aura gerasse mais caixa que o projetado. 

“Estamos com uma situação de caixa muito boa. Se não acharmos nenhuma oportunidade de M&A podemos usar essa caixa para pagar um dividendo extraordinário,” disse ele.

As expansões da Aura podem vir também com um ganho de margem (dependendo, claro, do comportamento do preço do ouro), já que a mineradora está reduzindo sistematicamente seus custos de extração — que respondem por 84% das despesas totais da empresa.

Para este ano, a projeção é reduzir em 10% os custos das três jazidas que já estavam em operação no ano passado, com boa parte da redução vindo do complexo de EPP, no Brasil, e de Aranzazu, no México. 

Em EPP, a redução virá do ganho de eficiência, mas principalmente do aumento do teor médio de ouro, que vai permiter extrair uma quantidade maior de ouro por cada tonelada de estéril. Em Aranzazu, virá dos ganhos de escala com o aumento da capacidade.