Enquanto a SmileDirectClub colhe os frutos de seu IPO, empreendedores brasileiros tentam replicar o sucesso da startup americana. 

A Odontoclinic — uma das maiores redes odontológicas do Brasil com 200 consultórios e receita de R$ 205 milhões — lançou a Elevel, uma startup focada na venda de alinhadores dentais, um substituto do aparelho fixo que é praticamente invisível e pode ser retirado a qualquer momento. 

A Elevel nasceu com um investimento de R$ 10 milhões da Odontoclinic e cinco consultórios. 

Quando um paciente vai a uma das lojas, um dentista escaneia sua boca e envia a imagem para o sistema da rede, que simula a movimentação que o dente precisa fazer para chegar no resultado esperado. Depois, esses dados são processados no laboratório, onde uma impressora 3D cria placas que são aplicadas nos dentes e trocadas de 15 em 15 dias. 

O resultado final: dentes perfeitos com poucas visitas (chatas) ao dentista. 

Enquanto o tratamento tradicional com braquetes demanda visitas mensais ao dentista, o tratamento com alinhador pode ser feito sem nenhuma ida ao consultório — nos casos de baixa complexidade.

“Os alinhadores dentais são o futuro da ortodontia,” Carlos Leão, o CEO da Odontoclinic, disse ao Brazil Journal. “É um tratamento extremamente confortável, esteticamente mais discreto e que você consegue adaptar facilmente no seu dia a dia.”

Nos Estados Unidos, os alinhadores já respondem por mais de 20% do mercado de ortodontia. Por aqui, não chegam a 1% dos R$ 10 bilhões que o setor fatura. 

A expectativa de Leão é que em cinco anos o Brasil atinja o nível de maturidade do mercado americano, quando a Elevel pode estar faturando mais de R$ 300 milhões com 110 clínicas próprias — tornando-se maior que sua empresa-mãe. Por enquanto, os primeiros resultados já deixaram Leão com um sorriso de orelha a orelha: na fase beta, realizada desde janeiro em cinco lojas da Odontoclinic, as vendas dos alinhadores renderam perto de R$ 10 milhões.

Além da SmileDirectClub, a Odontoclinic se inspirou na Invisalign, uma gigante americana que vale perto de US$ 20 bilhões na Nasdaq e que inventou — no início dos anos 2000 — os primeiros alinhadores dentais.

Mas ela precisou tropicalizar a modelo. 

“Nossa ideia é desintermediar o dentista ao máximo dentro do perfil dos brasileiros e do momento de maturidade do nosso mercado,” diz Hilton Almeida, o outro sócio da Odontoclinic. “Além disso, eliminar totalmente as consultas limita o atendimento apenas aos casos de baixa complexidade, que tem um tíquete menor. Vamos oferecer as duas coisas: um modelo totalmente digital para esses casos mais simples e outro que inclui a consultoria do dentista para os de média e alta complexidade.”

No Brasil, a Elevel não é a única investindo nos alinhadores dentais. A Smilink e a SouSmile duas startups fundadas no ano passado atuam no mesmo nicho, cada uma com quatro lojas em São Paulo. A SouSmile já levantou mais de R$ 20 milhões com fundos como o Kaszek e o Canary.