Se depender da SmileDirectClub, os ortodontistas vão parar de sorrir.
A startup americana — que vende um alinhador dental bem mais barato que os tratamentos tradicionais — acaba de listar na Nasdaq, trazendo a onda de disrupção digital para uma das indústrias mais improváveis.
A US$ 23 por ação, o IPO levantou US$ 1,3 bilhão e avaliou a empresa de odontologia online em US$ 8,9 bilhões.
Enquanto um americano médio chega a pagar mais de US$ 5.000 por um tratamento ortodôntico — que o obriga a visitar o dentista diversas vezes ao longo de vários anos — a SmileDirectClub cobra a partir de US$ 1.895 por um plano de dois anos. A empresa tem mais de 300 “SmileShops” nos quais faz a impressão 3D da arcada dental do cliente. Depois, um dentista ou ortodentista revê a impressão remotamente, cria o alinhador e despacha pelo correio. Segundo a companhia, seus tratamentos duram de cinco a dez meses.
Criada há apenas cinco anos, a SmileDirectClub já atraiu mais de 700 mil clientes e faturou mais de US$ 400 milhões no ano passado, contra US$ 146 milhões no ano anterior. Mas ainda não ganhava dinheiro: o prejuízo líquido foi de US$ 75 milhões no ano passado, mais que o dobro do ano anterior. A empresa investe pesado em comerciais de televisão e redes sociais e, além das lojas próprias, tem parcerias com o Walgreens e a CVS para abrir os “SmileShops” dentro das farmácias.
O IPO transforma os fundadores Alex Fenkell e Jordan Katzman — dois caras de 30 anos — em bilionários. Cada um tem 25% da empresa. Mas o maior vencedor do IPO foi o pai de Jordan, David Katzman, que foi o investidor-anjo, controla um terço do capital e é o CEO da companhia desde a fundação. (O velho David já investiu em pelo menos duas outras empresas direct-to-consumer: a Quicken Loans e a 1-800-Contacts.)
Agora, a empresa vai usar os recursos do IPO para financiar a expansão internacional e pesquisa e desenvolvimento. Hoje, seus alinhadores estão disponíveis apenas nos EUA, Canadá, Austrália e Reino Unido.