PARIS — A Fondation Cartier pour l’art contemporain inaugurou ontem sua nova sede, em frente ao Louvre, na Place du Palais‑Royal.
O grande arquiteto Jean Nouvel – um antigo parceiro da joalheria que projetou a antiga sede no Boulevard Raspail há 21 anos – foi o responsável pela reforma do local, onde antes funcionava uma loja de departamentos.
Especula-se que a mega obra nestes 8.500 metros quadrados custou cerca de € 250 milhões, e inclui, além dos espaços expositivos, biblioteca, auditório e café/restaurante.
Por fora, o prédio mantém a arquitetura clássica Haussmann do século XIX, mas por dentro a sacada de Nouvel foi aliar tecnologia de ponta para criar um sistema de exposições dinâmico: todos os espaços se comunicam através de cinco plataformas modulares, permitindo inúmeras configurações expositivas por meio de imensas grades mecânicas que trazem uma estética contemporânea e multiplicam as possibilidades de itinerários.
As clarabóias retráteis regulam a luz ao longo do dia e alternam a forma como se enxerga de dentro o entorno histórico externo. Quem passa na rua também consegue ver as obras da calçada, como antigamente se viam as vitrines da loja de departamentos.
São quase 40 anos desde a criação da fundação — uma combinação entre luxo e arte que foi pioneira e única por muitos anos. Hoje, as melhores exposições da semana de arte em Paris estão centradas em três fundações privadas, cada uma de um grupo de luxo: a Fondation Louis Vuitton (da LVMH), a Bourse de Commerce (dos Pinault, que controlam a Kering) e a própria Cartier.
Com o título Exposition Générale, a mostra de inauguração traz mais de 600 obras de 100 artistas; os convidados VIP da Art Basel Paris tiveram um preview antes da abertura oficial.
Os brasileiros estão batendo recorde na feira. O mapeamento do mercado de arte global feito pelo UBS em parceria com a Art Basel mostra que, no ano passado, os brasileiros high net worth só gastaram menos em obras de arte e decoração do que seus pares chineses.
Coincidentemente, chama a atenção o número de artistas brasileiros na exposição de abertura da nova Fondation Cartier.
Na sala inicial, dezenas de pinturas da mineira Solange Pessoa cobrem uma enorme parede de mais de 10 metros; na sala ao lado destaca‑se uma obra belíssima de Jaider Esbell; no corredor que conecta as salas do fundo o visitante passa por diversas fotos de Claudia Andujar, seguidas pelas esculturas do artista Veio.
No andar subterrâneo estão uma pintura de Santidio Pereira, os desenhos do coletivo Mahku e de Joseca Yanomami, além de obras dos consagrados Luiz Zerbini e Adriana Varejão, uma artista que expõe e colabora com a fundação há 20 anos, como destacado em página inteira na publicação dedicada à inauguração.
A mostra inclui obras de Sarah Sze, Rinko Kawauchi, Patti Smith, James Turrell, Damien Hirst e Joan Mitchell, entre outros grandes nomes.
A curadoria dividiu a mostra em quatro seções temáticas: Machines d’architecture; Être nature; Making Things e Un Monde Reel.
No futuro, a Fundação Cartier receberá duas exposições principais por ano, com uma abordagem multidisciplinar. Com a possibilidade de mudar o layout, os andares e a luminosidade, o diretor geral Chris Dercon explicou que uma exposição nunca será igual à outra, e a cada visitação haverá uma sensação nova.
“Procuraremos artistas pouco conhecidos aqui que mereçam ser mostrados. Vai ser muito diferente de outras fundações por causa do caráter de nossas exposições, da nossa identidade, da nossa coleção.”











