A QR Capital — uma holding dona de uma gestora de ativos cripto focada em ETFs — fez uma reorganização societária que levou à saída do fundador, Fernando Carvalho, e de outros sócios. 

Fernando, que fundou a QR Capital em 2018, tinha cerca de 33% do capital e era o maior acionista da companhia. Outro sócio que saiu foi João Paulo Mayall, que era o segundo maior sócio operacional com cerca de 6% do capital e havia sido CMO e COO, dentre outras funções.

Essa fatia foi adquirida por dois fundos que já estavam no cap table — a DOMO Invest e a Tessera Ventures — além de investidores pessoa física como Edgar da Silva Ramos, um veterano do mercado financeiro que foi sócio da XP e da Ágora. 

Após a transação, a DOMO e Edgar se tornaram os maiores acionistas da empresa, mas nenhum deles ficou com mais de 16% de participação.

Esses mesmos investidores também fizeram uma primária na companhia, para ajudar a bancar a expansão dos próximos anos. A secundária e a primária juntas totalizaram R$ 25 milhões. 

Como parte da reorganização societária, os principais executivos também ganharam ações que estavam na tesouraria, passando a ter juntos uma participação semelhante à da DOMO. 

A limpeza do cap table é parte de uma reestruturação maior na gestora cripto, que começou no final de 2022 com a chegada do novo CEO Hermínio Sotero, um brasileiro que fez carreira nos Estados Unidos em private equity e venture capital.

Herminio enxugou a estrutura da empresa, saindo de oito cargos de C-Level para apenas quatro e reduzindo de 14 para 5 o número de funcionários da asset. Além disso, fez o writeoff de uma das companhias da holding: a Rispar, uma fintech de empréstimos com garantia em criptoativos.

O executivo também deu continuidade a diversificação do portfólio da gestora, que antes tinha apenas um ETF, o QBTC11, lastreado em bitcoin. Antes da entrada de Herminio, a QR já havia lançado um ETF de ethereum e de DeFi, e o executivo lançou um de solana, além de fundos de gestão ativa e quantitativos. 

A estratégia deu certo, e o AUM da gestora, que era de R$ 250 milhões no final de 2022, saltou para R$ 1,3 bilhão. 

Sotero disse ao Brazil Journal que a meta da companhia é chegar a um AUM de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões até 2027, crescendo nos produtos que já tem e expandindo a oferta. 

A QR Capital também é dona da BlockTrends, um site de notícias; e de uma tokenizadora em sociedade com a Vórtx. 

“Na BlockTrends a gente fez uma transformação grande também e hoje as principais linhas de receitas são cursos sobre cripto, além da venda de uma certificação que criamos junto com a Ancord chamada CCA, para quem quer ser especialista em cripto,” disse ele. 

Na tokenizadora, a expectativa é de um crescimento acelerado quando ela sair do sandbox regulatório da CVM, o que vai permitir aumentar substancialmente o volume de emissões de debêntures, CRIs e CRAs que ela poderá tokenizar. 

Até agora, a tokenizadora já emitiu cerca de R$ 300 milhões em tokens lastreados em ativos financeiros.