A assembleia da Eneva em 28 de abril vai marcar uma renovação do conselho de administração da companhia, sinalizando uma pacificação do conflito entre os principais acionistas da geradora de energia. 

A chapa — que tem sete nomes (dois deles novos) — foi indicada de forma unânime pelo BTG Pactual, que tem 27% da empresa, Cambuhy (com 20%) e pelas gestoras Dynamo, Atmos e Velt Partners — que detêm juntas 18% da empresa e são unidas por um acordo de acionistas desde 2020. 

Os acionistas “conseguiram de forma adulta resolver a composição evitando que a escolha fosse para o voto múltiplo,” disse um dos acionistas. “Acho que mostra uma pacificação dos conflitos que ocorreram.”

Visōes conflitantes entre os acionistas principais — o BTG e a Cambuhy — contribuíram para a saída do CEO Pedro Zinner, que assumirá a Stone em abril. 

Segundo um investidor, agora há consenso entre os maiores acionistas sobre o caminho que a Eneva tem que seguir este ano: reduzir a alavancagem, que fechou o terceiro tri em 2,4x EBITDA, mas sem deixar de aproveitar eventuais oportunidades.

“Vai ser um ano de desalavancagem, de vender um ativo ou outro, mas de continuar buscando oportunidades,” disse ele. “Se aparecer algo dá pra financiar com venda de ativos, geração de caixa, ou com um eventual aumento de capital.”

A nova chapa marca a saída do chairman Jerson Kelman, que estava no conselho há três mandatos, e de Elena Landau, que havia sido indicada pelos maiores fundos com posição na empresa.

No lugar deles, entram Barne Seccarelli Laurean, um executivo do BTG com experiência em execução de obras de térmicas, e José Castanheira, o ex-chairman da BR Malls que já representou a Dynamo em diversos boards.

A chapa também inclui Renato Mazzola e Felipe Gottlieb, sócios do BTG; e Marcelo Medeiros e Guilherme Bottura, ambos da Cambuhy.

Henri Philippe Reichstul, hoje o vice-presidente do conselho e uma indicação dos fundos, assumirá como chairman no lugar de Kelman. Além da Eneva, o ex-CEO da Petrobras também é conselheiro da LATAM Airlines e da Repsol, a petroleira espanhola.

Com a indicação, o chairman continua sendo independente.

“Nunca a Eneva teve um chairman que fosse ligado aos grupos controladores. Acho que é assim que a companhia pode prosperar ao longo do tempo,” disse o acionista. “Na maior parte do tempo todos vão ter uma visão unificada de geração de valor. Pode ter diferença em relação ao ritmo de M&A em algum momento, mas todos estão comprometidos com o futuro da empresa.”

A indicação da nova chapa vem pouco mais de um mês depois dos três fundos mandarem uma carta ao conselho pedindo mudanças na governança da Eneva.  

A votação dessas propostas deve ser feita na mesma assembleia que vai confirmar o novo conselho.