Por essa ninguém esperava.
A Binance, uma exchange de criptomoedas chinesa fundada há apenas cinco anos, acaba de fazer um investimento estratégico na centenária revista Forbes — na primeira incursão de uma empresa cripto na mídia mainstream americana.
O dinheiro do aporte vai financiar os planos da Forbes de se fundir com o SPAC Magnum Opus e se listar na Bolsa de Nova York ainda no primeiro trimestre com um valuation de US$ 630 milhões.
Em agosto, a Forbes havia afirmado ter commitments de US$ 400 milhões de investidores institucionais para viabilizar a transação.
O investimento da Binance vai cobrir metade desse capital — aparentemente substituindo algum investidor que desistiu — e transformar a exchange em um dos dois maiores acionistas da revista de negócios.
A exchange terá dois dos nove assentos do conselho.
O movimento evidencia a influência cada vez maior que as empresas de cripto estão assumindo em diversas esferas da sociedade. Nos últimos meses, companhias do setor fizeram IPOs bilionários, colocaram seus nomes em arenas de esportes e ganharam o endosso de diversas celebridades.
O investimento da Binance na Forbes é uma aposta do fundador da exchange, Zhao Changpeng, na importância das plataformas de conteúdo para o desenvolvimento da chamada Web 3.0 — uma versão descentralizada da internet baseada em blockchain.
Zhao chegou a olhar outras três empresas de mídia antes de investir na Forbes.
“Com o avanço da Web 3.0 e das tecnologias de blockchain, a imprensa é um elemento essencial para desenvolver a compreensão e educação do consumidor [sobre esses temas],” Zhao disse em nota. “Esperamos apoiar as iniciativas digitais da Forbes conforme elas se expandem em uma plataforma de alto nível de insights em investimentos.”
A Binance também disse que vai ajudar a Forbes a explorar estratégias de blockchain, tais como a emissão de NFTs, um programa de “read-to-earn” e o pagamento de assinaturas com Bitcoin.
A Forbes nasceu há 104 anos da cabeça do avô de Steve Forbes — o atual editor-chefe da revista e que já foi candidato à presidência dos Estados Unidos duas vezes.
Em 2014, ele vendeu 95% da revista para a chinesa Whale Media, que pagou US$ 475 milhões pela empresa.
Desde a aquisição, a Forbes tem buscado diversificar suas fontes de receita para além da revista e do site, fazendo acordos de licenciamento e tentando criar negócios de ecommerce e D2C que se beneficiem de seu tráfego.
Mas talvez a franquia mais icônica da Forbes seja seu ranking de bilionários — uma lista que o fundador da Binance passou a integrar pela primeira vez há alguns meses.
A fortuna de Zhao Changpeng, que prefere ser chamado apenas de “CZ”, atingiu US$ 96 bilhões em janeiro — em outro ranking, o da Bloomberg. E isso sem contar seus investimentos pessoais em criptomoedas.
Mas os novos sócios têm um histórico menos amigável, segundo a Reuters. Há pouco mais de um ano, a Binance processou a Forbes e dois de seus jornalistas por difamação, irritada com uma matéria da revista sobre a estrutura societária da exchange.
Mas isso são águas passadas… “CZ” disse hoje que o editorial da Forbes vai continuar “muito independente”.