O “mercado” russo reabriu hoje.
As aspas têm um motivo: a Bolsa de Moscou que reabriu hoje é BEM diferente da que fechou há um mês, logo que a Rússia invadiu a Ucrânia.
O short-selling foi proibido.
Apenas 33 ações foram liberadas para negociação.
Nenhum investidor estrangeiro pode vender suas posições até pelo menos dia 1° de abril. Só mesmo os investidores locais podem negociar os papéis livremente.
Como o mercado russo era composto principalmente de investidores internacionais, as negociações de hoje “não se traduzem num mercado de verdade,” Malcolm Dorson, um gestor da Mirae Asset Global, disse à Bloomberg.
“Dado que a Rússia saiu dos benchmarks mais relevantes, haveria uma pressão para a venda forçada de qualquer um que siga algum desses índices,” disse ele. “As restrições limitam essa volatilidade potencial que viria no primeiro dia de negociação depois de semanas.”
Num cenário de inflação galopante e sistema bancário cortado do resto do mundo, os locais parecem ter visto nas ações uma das poucas alternativas de investimento. O MOEX Russia – o principal índice – fechou com alta de 4,37%, depois de ter subido mais de 10%.
As ações de gigantes de petróleo como a Rosneft e a Lukoil subiram 17% e 12,4%, respectivamente, enquanto a fabricante de alumínio Rusal disparou outros 16%. A Norilsk Nickel também teve alta de mais de 10%.
A única ação que caiu foi a Aeroflot, que chegou a derreter mais de 20% mas fechou o dia com queda de 16,4%.
A companhia aérea foi banida de voar no espaço aéreo da União Europeia, do Reino Unido e do Canadá – o que praticamente inviabiliza qualquer voo internacional. (Nessa perspectiva, a queda até que foi leve.)
Jeroen Blokland, o head of research da True Insight, uma casa de análise da Holanda, disse num tweet que os investidores podem estar voltando para as ações russas “talvez baseados na ideia de que os valuations vão voltar para os níveis pré-guerra.”
“Mas isso é improvável de acontecer. É muito difícil atribuir fundamentos, mas o que sabemos é que as (auto) sanções vão continuar por mais muito tempo.”