O jeans que todo mundo já usou em breve estará à venda também na Bolsa de Valores.
A Levi Strauss — dona da marca Levi’s, inventora do blue jeans e líder disparada de mercado há mais de um século — pediu registro para listar suas ações em Nova York.
A empresa quer levantar US$ 600 milhões a um valuation de mais de US$ 3 bi, segundo o The Wall Street Journal.
O objetivo: ir além do jeans básico.
No filing enviado à SEC, a empresa disse que vai usar os recursos do IPO para aquisições “que aumentem a sua diversificação de marcas e categorias”, num momento de mudanças nas tendências de moda.
O jeans básico, que sempre foi a escolha preferida de boa parte dos consumidores, vem dando lugar às calças de moletom e yoga e a marcas de jeans premium.
Além disso, a empresa quer usar o capital para dar tração à sua expansão em países emergentes como China, Brasil e Índia.
Hoje, boa parte do faturamento da Levi Strauss ainda vem da venda de suas calças jeans e caqui — os carros-chefe da companhia — e do mercado americano.
O sindicato que coordena a oferta é composto por 12 bancos, incluindo Goldman Sachs, JP Morgan, Merrill Lynch e Morgan Stanley.
Fundada em 1853 pelo industrial americano de mesmo nome, a Levi Strauss começou com uma única loja em São Francisco que vendia calças de trabalho para mineiros durante a corrida do ouro na Califórnia.
Hoje, são mais de 820 lojas próprias, cerca de 500 store-in-store (lojas dentro de outras lojas) e 50 mil varejistas distribuindo seus produtos.
No ano passado, a fabricante de jeans fechou com uma receita de US$ 5,6 bilhões, um crescimento de 14% ano contra ano, e um lucro líquido de US$ 283 milhões, consolidando sua posição de líder disparada no mercado mundial.
Nos EUA, a Levi Strauss possui um market share de 12,1%, enquanto o segundo player do setor — a marca Lee — tem apenas 4,8%, segundo a Euromonitor International. O mercado americano de jeans movimenta US$ 16,6 bilhões/ano.
Este não será o primeiro IPO da Levi Strauss.
Em 1971, a empresa abriu o capital pela primeira vez, mas ficou pouco tempo na Bolsa. Treze anos depois, os descendentes do fundador recompraram o controle da companhia, que está desde então nas mãos da família.
A empresa passou por turbulências nas últimas décadas. Em 2003, quase foi à falência, com um endividamento crescente e quedas constantes nas vendas. A Levi Strauss só conseguiu dar a volta por cima em 2011, quando Chip Bergh — um ex-executivo da P&G — assumiu as rédeas da empresa.
Sob o comando de Chip a companhia lançou etiquetas premium e se expandiu para o exterior, crescendo em mercados emergentes como o Brasil e a China. Mais recentemente, tem apostado em ‘boutiques’ que permitem a personalização dos produtos, com a adição, por exemplo, de remendos e stencils nas calças.
Com mais de 165 anos de história, a Levi Strauss terá o desafio de convencer os investidores que possui uma estratégia sólida de inovação e condições de ganhar terreno no e-commerce, reduzindo sua dependência das lojas de departamento.
As vendas online ainda não respondem nem por 5% da receita. Já os clientes de atacado — em grande parte lojas de departamento — representam dois terços do faturamento.
O problema: cadeias como Macy’s, J.C. Penney e Sears tem sofrido nos últimos anos uma crise sem precedentes, com o fluxo de clientes caindo e as empresas fechando uma loja atrás da outra.
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