Os telefones celulares pouco evoluíram nos últimos dez anos – mas graças à inteligência artificial, isso está prestes a mudar. 

Os smartphones, os celulares conectados à internet, vão dar lugar aos ‘IntelliPhones,’ os celulares movidos a IA.

A alcunha para os aparelhos da nova geração apareceu em um relatório do Bank of America esta semana. 

“Os celulares com IA – IntelliPhones – vão trazer um ciclo de upgrade ao longo de muitos anos, similar ao ocorrido com a introdução dos smartphones,” escreveram os analistas do BofA, liderados por Wamsi Mohan. “Estimamos que a curva de adoção dos celulares de IA será mais rápida do que a adoção dos aparelhos 5G.”  

Na análise do banco, a indústria de celulares passará por uma transformação em uma magnitude que se vê apenas uma vez a cada década – e esta será uma oportunidade para a Apple, cuja ação tem underperformado as de outras Big Techs desde o final de 2021.

Numa janela mais curta, olhando os últimos 12 meses, o QQQ – o mais líquido ETF do Nasdaq 100 – sobe 28%; a Apple sobe 6%.

Mais portáteis e acessíveis do que os computadores pessoais, os celulares serão o principal veículo de disseminação do uso da inteligência artificial, observam os analistas. 

“Os celulares com IA vão oferecer assistentes pessoais com melhor compreensão de contexto, provendo respostas mais relevantes e precisas,” diz o relatório. 

Nas estimativas do analista, o número atual de 2,2 bilhões de usuários de smartphones deverá aumentar para 4 bilhões de usuários de IntelliPhones – e a Apple deverá capturar a maior fatia desse crescimento. 

Mohan elevou o alvo para a ação da Apple para US$ 230, um upside de 20% sobre o preço de tela – US$ 192. 

Este alvo coloca o múltiplo em 30x o lucro esperado para 2025. Nos últimos cinco anos, o múltiplo da Apple variou entre 16x e 34x, com uma mediana de 27x. Para o BofA, o múltiplo elevado se justifica em razão do esperado ciclo de upgrade dos aparelhos. 

“Com a evolução da tecnologia de IA, vai aumentar o gap em relação aos smartphones tradicionais, por causa das funções mais sofisticadas e personalizadas, incentivando o desejo de as pessoas fazerem o upgrade,” afirma o relatório. 

Uma das melhorias será na integração da Siri com aplicativos que não sejam da Apple. As frentes de novos negócios são amplas, como em serviços financeiros, comandos e navegação nos carros, automatização das residências, reservas de restaurantes e compras de ingressos, monitores de saúde.  

Os usuários vão poder dar instruções como: “Siri, faça uma reserva no meu restaurante favorito em Nova York usando o OpenTable” ou “Siri, faça um Pix de R$ 200 para a conta do meu filho usando o aplicativo do meu banco.” 

Sem apresentar grandes novidades nos últimos anos, a Apple perdeu o posto de empresa mais valiosa do mundo para a Microsoft e está sendo perseguida de perto pela Nvidia. 

Por isso existe uma grande expectativa a respeito das novidades que serão apresentadas pela Apple na sua conferência de desenvolvedores, que começa em 14 de junho.  As ferramentas de IA deverão aparecer no iOS 18, a nova versão de seu sistema operacional. 

No início de maio, na apresentação dos resultados do trimestre, o CEO Tim Cook demonstrou otimismo com relação às oportunidades em IA. 

“Acreditamos no poder de transformação e nas promessas da IA – e acreditamos ter vantagens que vão nos diferenciar nessa nova era, incluindo a nossa combinação única de hardware, software e serviços integrados,” afirmou Cook, destacando ainda “nosso foco em privacidade, que está na base de tudo que criamos.”