A Huma Therapeutics — uma healthtech inglesa de monitoramento remoto de pacientes — acaba de levantar US$ 130 milhões numa rodada que vai acelerar sua expansão global, incluindo planos de entrar no Brasil ainda este ano. 

A rodada Série C foi liderada pelos braços de venture capital da Bayer e da Hitachi, um conglomerado japonês, e teve a participação dos corporate ventures da Samsung, Sony, Unilever e da Nippon Life, uma das maiores seguradoras de vida e saúde do Japão.

Também participaram Nikesh Arora, o ex-presidente do SoftBank e hoje chairman e CEO da Palo Alto Networks, e Michael Diekmann, ex-CEO e hoje chairman da Allianz.

Além dos US$ 130 milhões, a rodada prevê US$ 70 milhões adicionais a serem integralizados no futuro. 

Somando suas rodadas anteriores, a Huma havia levantado apenas US$ 50 milhões até agora. 

Fundada em 2011 por Dan Vahdat (um programador com formação médica), a Huma desenvolveu uma plataforma — chamada de ‘hospital em casa’ — que se conecta a smartphones e a devices como relógios inteligentes e oxímetros, coletando dados em tempo real sobre a saúde dos pacientes. 

Além de informações como oxigenação, batimento cardíaco, temperatura e pressão sanguínea, o app da Huma faz perguntas para os pacientes para identificar os sintomas de várias doenças. 

Esses dados são enviados para os hospitais e clínicas, que passam a acompanhar a evolução de todos os pacientes numa mesma plataforma. Com esses dados em mãos, os médicos podem fazer uma medicina preditiva, antecipando-se a potenciais problemas que o paciente possa ter. 

“Um dos primeiros indicadores de que a pessoa está com Mal de Parkinson é uma mudança ligeira na forma de andar. Como está conectado ao seu smartphone, o app da Huma consegue detectar se os passos dessa pessoa tem alguma indicação de Parkinson,” um investidor brasileiro que aposta na empresa desde o Series B disse ao Brazil Journal

A Huma também desenvolveu um sistema que permite fazer o acompanhamento remoto do pós-operatório de pacientes que tenham feito cirurgias de prótese ou no joelho. No auge da pandemia, fechou parceria com 40% da rede de saúde da Alemanha, que passou a usar sua tecnologia para monitorar pacientes de covid — diminuindo brutalmente as internações desnecessárias. 

Estudos feitos pelo governo inglês mostram que o ‘hospital em casa’ consegue dobrar a capacidade clínica, reduzir em um terço as taxas de readmissão hospitalar, além de cortar custos do sistema de saúde. 

A Huma funciona como um software as a service: as instituições pagam uma assinatura mensal que varia de acordo com o número de pacientes que estão sendo monitorados. No futuro, outra fonte de receita serão as patentes de seus biomarcadores digitais. 

A tecnologia da empresa também tem ajudado a tornar os ‘clinical trials’ mais assertivos. 

A startup já tem contratos com farmacêuticas como AstraZeneca, Bayer e Janssen, que usam seu software para acompanhar remotamente as dezenas de milhares de pessoas que participam de seus estudos clínicos — aumentando o número de dados colhidos e tornando os resultados mais conclusivos. 

Agora, a startup quer usar os recursos da capitalização para espalhar suas soluções por todo o mundo — literalmente. Numa entrevista recente, o fundador da Huma disse que o nome da empresa significa “para toda a humanidade.” 

Hoje, a Huma opera apenas em quatro países — Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos e Emirados Árabes — mas o plano é entrar ainda este ano na Ásia, no Oriente Médio e Brasil. 

A companhia ainda não tem um country manager no Brasil, mas já está em conversas com players do setor de saúde, desde operadoras até laboratórios e redes de hospitais. 

A rodada foi coordenada pelo Goldman Sachs, HSBC e Nomura.